A propósito do lançamento do seu novo livro, “Adolescência: Os anos da Mudança”, fizemos algumas perguntas a Rita Castanheira Alves, mais conhecida como A Psicóloga dos Miúdos, que nos explicou tudo sobre esta fase tão especial do desenvolvimento das nossas crianças. Depois da primeira parte, onde nos falou sobre a “Aborrescência“, leia agora a segunda parte da nossa entrevista, prepare o bloco e a caneta, tire algumas notas e depois corra para a livraria mais próxima: garantimos que este é o livro que salvará a sua vida! 🙂
A Rita tem já vários livros publicados – uns mais dedicados aos miúdos, outros aos pais. O que é que a motivou a escrever, agora, sobre a adolescência?
A adolescência é a fase das oportunidades, é uma fase fantástica e muito curiosa. Interessa-me muito o que se passa na adolescência tanto a nível neurológico e hormonal como comportamental e como tudo se conjuga. Ao longo do meu percurso profissional fui trabalhando sempre muito com adolescentes em diversos contextos e interessa-me muito o trabalho preventivo e interventivo que pode ser feito e os resultados positivos que se alcançam com esse trabalho próximo, informado e consciente. É uma fase de grande absorção e aprendizagem, o que abre muitas possibilidades, umas mais positivas e outras mais negativas, e é interessante ver como é possível trabalhar isso. Depois porque a nível pessoal, foi uma fase muito boa para mim, em que me senti muito bem incrivelmente, e em que foi fundamental ter tido as oportunidades que me foram dadas pelo núcleo familiar e pelos adultos que tive o privilégio de se irem cruzando por mim na adolescência, na escola e na rede social de suporte mais alargada, que me deixaram experimentar, responsabilizando e comunicando. Guardei muito do que escrevi na altura e queria também que um dia esse material real e genuíno de adolescente pudesse contribuir para algo e agora aconteceu e partilho muito dele neste livro.
Desde que comecei a escrever para pais que é este o tema sobre o qual mais me apetecia escrever um livro, e agora foi possível. Depois porque acho que há muito a saber e a ter em conta para quem educa adolescentes e que são aspectos fundamentais para que o desafio seja mais saudável, equilibrado, para os adolescentes mas também para os pais do ponto de vista da saúde mental e da felicidade.
Percebe-se, pelas abordagens integrativas que propõe, que a Rita é apologista de uma parentalidade mais positiva. Alegra-a ver que este é um conceito cada vez mais explorado, ou teme que a parentalidade consciente seja uma moda passageira?
Costumo, a brincar, mas falando muito a sério, dizer que conceitos como parentalidade positiva, consciente, preventiva são conceitos que as pessoas acham que são “caros”, pomposos, mas que não custam nada, mas valem ouro!
Eu espero e responsabilizo-me no trabalho clínico que exerço diariamente, no que escrevo no blogue do meu projecto, nas colaborações com a imprensa, televisão ou rádio ou nos livros que vou tendo a oportunidade de publicar, que a parentalidade consciente seja para ficar e crescer. Há responsabilidade inevitável dos pais no crescer, no adolescer dos filhos, quer queiram quer não e não há pessoas perfeitas, exemplares e sem história e as suas próprias feridas e dores. Por isso, sabemos que educar e ajudar a crescer de forma mais consciente, com maior reflexão, ponderação e preventivamente tem contributos muito positivos para as crianças e para os adolescentes. Não só dos pais, mas também de todos os adultos significativos, como os técnicos, onde me incluo e os professores e educadores e outros familiares significativos.
É difícil termos responsabilidade nas dores dos filhos, claro, e não é fácil confrontarmo-nos com essa possibilidade, por isso agir preventivamente, conhecendo-nos melhor a nós próprios, termos a oportunidade de nos “resolvermos” melhor para educarmos mais pacificamente e de forma mais saudável, deveria ser um direito e um dever de cada pai, avô, avó, tio, tia, técnico, educador, professor…
Sabendo que cada filho é diferente, como resumiria numa frase a melhor forma de resolver os obstáculos que surgem ao longo de uma adolescência?
Numa frase não é fácil, tenho sempre necessidade de desenvolver mais porque o assunto é complexo e não tem uma receita única ou fórmula mágica.
Mas em jeito de conclusão, termino com uma palavra preciosa na adolescência: “Comunicação” e com a pergunta final da conclusão deste novo livro:
“Deixo-lhe o desafio, vale a pena cuidar, estar, acompanhar, ver e ter curiosidade: o que será que vale colher?”
Psicóloga Clínica desde 2007, desenvolve o seu trabalho com crianças, adolescentes e com os seus pais e educadores. Porque é essencial a individualidade de cada um e de cada sistema, os seus serviços baseiam-se numa abordagem terapêutica integrativa, adaptando cada técnica, metodologia, terapia às necessidades de cada criança, adolescente e família, acreditando que deve ser a terapia que se adapta ao indivíduo e não o contrário. O seu novo livro, “Adolescência: Os Anos da Mudança”, mostra aos leitores como é possível resolver e desmistificar os mais difíceis obstáculos que surgem ao longo de uma adolescência saudável e plena. Compre aqui!
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