É importante que as crianças aprendam a comunicar. A Oficina de Psicologia vem mostrar isso com uma pequena história que mostra as consequências da falta de comunicação.
“O Miguel era um menino calmo, sossegado e obediente. O Miguel era um menino que dizia que sim a tudo. Contavam-se pelos dedos das mãos as vezes que tinha feito uma birra. Estava sempre pronto a ajudar os pais, os professores, os amigos e todos os que precisassem.
Quem não conhecesse bem o Miguel podia jurar que nunca se chateava. Que era o filho, o irmão, o amigo, o aluno perfeito! Não se lhe conheciam grandes euforias mas notava-se sempre um sorriso tímido na sua cara redonda.
Era preciso conhecê-lo muito bem (e, mais que isso, estar bem atento) para perceber que também ele se chateava. Também tinha os seus dias maus e também havia muitas coisas de que não gostava!
É que o Miguel tinha aprendido a não dizer. O Miguel tinha aprendido a ficar sossegado, no seu canto, até que a irritação passasse.
O Miguel tinha aprendido que tinha que ser agradável para todas as pessoas e que não devia preocupar os seus pais. Talvez tenha até chegado a escrever num trabalho da escola que ‘os pais só gostam dos meninos que se portam bem’.
Este Miguel cresceu. Era, agora, um de muitos pré-adolescentes que fazem do seu quarto o seu ‘castelo’. Continuava a dizer que sim a tudo, mas poucas eram as conversas que tinha com os seus pais. O ‘sim’ saia-lhe ‘entre dentes’ e com ar desinteressado e na escola parecia ‘passar entre os pingos da chuva’.
A cada dia que passava, parecia que as ‘muralhas’ do ‘castelo’ do Miguel ficavam maiores e mais espessas. A cada dia que passava se percebia um Miguel mais tristonho e desinteressado do mundo.
Era o Miguel que tinha aprendido a calar. Era o Miguel que não tinha aprendido a comunicar.”
Esta é a história de um adolescente aparentemente calmo, tolerante e obediente. Mas, será que os adolescentes têm que dizer que sim a tudo? Será que os adultos dizem que sim a tudo?
É que tal como o total desrespeito pelas regras é preocupante, também a concordância permanente o será.
Diríamos que “é natural que as crianças não digam que sim a tudo”. É normal que façam birras e o desafio está em ensinar-lhes que depois da zanga por não ter, vem a aceitação de que não podemos ter tudo aquilo que desejamos.
Inês Carvalho
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