A timidez nas crianças pode ser visto como algo menos positivo num contexto social. A Oficina de Psicologia explica-nos como devemos aceitar a personalidade da criança e potenciar as suas competências sociais adequadamente.
A timidez pode ser sentida como um misto de emoções em que o medo, o interesse e a tensão se confundem. Podemos imaginá-la, talvez, como um pequeno impasse entre a vontade de participar numa dada interação e a possibilidade de nos mantermos como observadores.
Nas crianças, podemos vê-la aparecer, por exemplo, em momentos de exposição a situações sociais novas. Numa festa em que há muitas crianças, ou num jantar em que os amigos dos pais levam, também, os seus filhos.
Nesta altura, espera-se que as crianças brinquem e se divirtam. Espera-se que sejam momentos agradáveis para pais e filhos. Mas, nem sempre todas as crianças parecem confortáveis nestas situações.
Há crianças mais tímidas que outras. Mas porquê…?
Como cada vez mais se acredita, existe uma complementaridade entre fatores biológicos e contextuais. Em alguns casos, pode observar-se uma predisposição genética para a timidez. Noutros, verifica-se uma forte influência dos padrões culturais e dos contextos de interação em que se vão desenvolvendo.
Mas, como qualquer outra característica, a timidez tem os seus aspetos restritivos e adaptativos.
A timidez pode aparecer como resposta a uma situação nova e inesperada e ir-se esbatendo com o passar do tempo e a continuidade do contacto. E não há nada de preocupante nisso.
A timidez pode, por outro lado, persistir na continuidade do contacto e dar lugar a um isolamento progressivo da criança relativamente ao contexto de socialização. É neste caso que devemos facilitar o processo de integração.
Assim, ficam algumas estratégias para ‘micro-desafiar’ a timidez:
– Conhecer e aceitar a criança.
O objetivo não será fazer com a timidez desapareça, se ela faz parte das características da criança. Será antes aceitá-la e perceber que há uma forma de fazer com que não se torne limitadora.
– Promover a autoestima.
Mostrar à criança que tem competências e dar-lhe autonomia, facilitará a aquisição do sentimento de habilidade no contacto com os outros.
– Desenvolver competências sociais.
Dar exemplos de algumas frases mais utilizadas para iniciar uma interação pode funcionar como um bom modelo de referência para a criança.
– Novas situações com atividades conhecidas.
Promover situações de interação social em ambientes conhecidos pela criança ou onde possa realizar atividades que fazem parte dos seus interesses será um passo importante.
Sugestão de Leitura:
O Livro – É tão bom fazer Amigos – da Oficina de Psicologia apresenta algumas directrizes sobre como superar dificuldades frequentes nas crianças, nomeadamente sobre crianças tímidas que têm dificuldade em fazer amigos.
O segundo volume desta coleção será lançado ainda este ano.
Inês Carvalho
Psicóloga Clínica
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