Furacão na praia? Não, é só a birra do meu filho… - Pumpkin.pt

Furacão na praia? Não, é só a birra do meu filho…

Furacão praia? Não, é só birra meu filho…

Nunca se sabe onde o nosso filho pode fazer uma birra. Pode acontecer em casa, na escola ou até mesmo numa ida à praia. Durante as férias, há uma coisa que não pode deixar em casa: as regras. A Oficina de Psicologia ensina-lhe o que pode fazer para evitar as birras dos mais pequenos.

As birras dos mais novos são um tormento em qualquer altura, mas quando se lembram de começar a gritar e a espernear em plena praia, repleta de gente que tenta descontrair e relaxar, é motivo para deixar qualquer pai sem ação.

Ainda há poucos dias presenciei um destes momentos, com direito a alguns berros e areia por todo o lado. Um pequeno rapazinho esperneava para não ter de colocar protetor. Na cabeça dele a água estava mais apetitosa que o resto das preocupações dos pais… começou perto do mar e terminou a rebolar na areia. Mas se a sua ansiedade foi aumentando a cada momento, a dos pais não ficou atrás, acabando por decidir deixar a questão por ali.

Não sei o que é mais desconfortável nesta situação, a criança que infelizmente ainda não consegue lidar com a frustração que lhe causa ter de fazer algo que não lhe apetece ou os pais que se sentem esmagados pela pressão social causada pelos olhares dos mais próximos. E efetivamente todos nós conseguimos ter uma série de soluções para aquela situação que desvaloriza por completo estes pais e até o que a criança sente “se fosse comigo levava umas palmadas”, “comigo obedecia logo”, “a educação começa em casa”…

Este artigo não pretende apontar erros ou falhas que os pais possam ter, nem apresentar mais uma teoria de “sabe tudo”. Em vez disso, o desafio é refletirmos, observando a situação de uma outra perspetiva:

  • Será que por estarmos na praia as regras têm de ficar na gaveta? Muitas vezes há coisas importantes que os nossos filhos devem ou não fazer, mas que pela sua inexperiência na vida, não sabem reconhecer. É dever de um pai alertar para estas situações e educar a criança no sentido de ganhar alguma responsabilidade.

  • Quando nos tiram algo que queremos muito ficamos frustrados e por vezes irritados. Também os mais novos passam por estas emoções, simplesmente ainda não elaboraram formas “adultas” de lidar com a questão. Por isso pode ser importante reconhecermos não só o que a situação provoca em nós, mas também o que sente o mais pequeno. Muitas vezes os sentimentos são os mesmos para pais e filho (irritação, vergonha, tristeza).

  • Vamos simplificar, é só emoção. Somos todos humanos, as emoções são básicas e vosso filho está simplesmente a expressá-la (de forma desadequada, mas tudo a seu tempo). Isto não faz de ninguém melhor ou pior pai, mas simplesmente que tem um filho humano, por isso se fingir que está em sua casa tudo vai correr melhor.

  • E se em vez de uma batalha, este puder ser um momento para ajudar o seu filho?Sim eu disse ajudar e não controlar, porque este é um momento de aprendizagem para ambos e para ele também.

  1. Podemos experimentar explicar. Quando o mandam fazer algo, gosta de saber porquê, certo? Então provavelmente os mais novos também gostam de saber porquê. Tudo tem um motivo e ninguém é tirano com os filhos por prazer (apesar de por vezes ele acharem que os pais só os querem chatear).
  2. Podemos falar das emoções sem vergonha. Experimente refletir com o seu filho sobre o que ele está a sentir, que é normal e que por vezes também lhe acontece. Algo como “eu sei que isto te aborrece, mas eu não te pediria isto se não fosse importante!”.
  3. Toda a regra tem uma consequência associada. Não tem de ser uma ameaça, mas uma relação normal de causa-efeito. Explique que custo pode ter não cumprir o que foi pedido.  
  • E nada resulta?! Mantenha a calma e vamos refletir um pouco… quantas vezes estaciona sem pagar parquímetro num local onde já foi multado? Poucas, nenhuma? Então a consistência num castigo pode ser importante para mudar o nosso comportamento. Exatamente o mesmo com as crianças, conhecer e contar com um castigo apropriado sempre que não cumpre as regras será importante na alteração de padrões de comportamentos desajustados.

  • Firmeza e consistência podem ser a chave para que o seu filho aprenda a regular as emoções. Muitas vezes a criança continua a provocar durante o tempo de castigo. É normal, aumentou um pouco o nível de frustração dela e continua a utilizar a única forma que sabe para exteriorizar o que sente e para tentar reverter a situação. Quanto mais der atenção a este comportamento, mais ele vai aumentar, quanto mais se mostrar incomodado e envergonhado perante as outras pessoas, mais a criança perceberá que a sua estratégia está a ter efeito (o efeito oposto que queríamos). Por isso, só tem uma solução, ser firme, consistente e ignorar o que ele faz de desadequado.

  • Será que o que acontece na praia fica na praia? A maior parte das vezes a criança também sente a vergonha que os pais sentem, por ter sido castigada ou repreendida em frente a tanta gente, por isso, valerá a pena reforçar isto? Podemos tentar não ficar ressentidos, também nós temos de aprender a regular e a gerir as nossas emoções. O seu filho cumpriu o que era suposto, elogie o seu bom comportamento e encerre o tema. Não cumpriu de boa vontade mas o castigo já terminou, também pode encerrar o tema.

E o dia na praia pode continuar semelhante ao que pais e filhos idealizavam.

É chato e aborrecido, mas uma birra pode ensinar-nos tanto J

 

Inês Custódio

Psicóloga Clínica

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