Explicar aos mais pequenos o terrorismo e os atentados - Pumpkin.pt

Explicar aos mais pequenos o terrorismo e os atentados

Explicar os atentados às crianças

Como falar com os mais pequeninos de assuntos tão sensíveis?

Concordamos que o mundo enlouqueceu um pouco nestes últimos anos, verdade? E, enquanto se sucedem as notícias sobre atentados e terrorismo, convém lembrarmo-nos que os mais pequenos não lhes são impermeáveis. Assustam-se, têm dúvidas, requerem conforto.

Por isso, Inês Afonso Marques, Psicóloga Clínica da Oficina de Psicologia, anotou para si alguns cuidados a ter com os pequenitos, na hora de lhes explicar o inexplicável.

Há assuntos que um pai ou uma mãe preferia não ter de abordar nunca com os seus filhos. Terrorismo e atentados são palavras que muitas crianças, atualmente, conhecem e sobre as quais fazem perguntas. Por muita “proteção” que se procure ter junto das nossas crianças, a informação flui na rua, nos transportes, nas escolas e as imagens na televisão e nas capas dos jornais são frequentes. Nesse sentido, a tentação de privar as crianças de más notícias é praticamente impossível de concretizar. A informação chegará a elas e é juntos dos pais que irão procurar encontrar respostas para as suas dúvidas e receios.

Deixo-lhe algumas ideias orientadoras sobre este tema sensível, mas que não pode ser ignorado.

Dê espaço e tempo para a criança colocar as suas questões. Não fuja dos assuntos, dizendo que são coisas de adultos que ela não perceberá. Pelo contrário, mostre-se disponível para ouvir e dar resposta. Opte por tentar saber o que a criança já sabe, o que pensa sobre o assunto e o que gostaria de saber. Desta forma, terá oportunidade de fornecer a informação que a criança precisa, não a sobrecarregando com aspetos sobre os quais não está alerta ou interessado. Assim, poderá ajustar linguagem e conteúdo às necessidades da criança e ao seu nível de desenvolvimento.

Esteja atento às suas próprias emoções e verbalizações, por exemplo quando comenta uma notícia que está a ver ou ler. A criança sintoniza emocionalmente com os seus adultos significativos e, nesse sentido, respostas emocionais exacerbadas de extrema revolta ou de medo acentuado, poderão gerar insegurança nos mais pequenos.

Quando a criança expressa o que sente procure validá-la. Nunca minimize ou ridicularize um medo da criança. É natural que sintas algum receio e que tenhas dúvidas. Para os adultos também é difícil encontrar respostas para a maioria destes acontecimentos.

É provável que surja o “porquê?”. Pergunta difícil! Explicando que o ataque foi feito por pessoas “más” (que se tornaram más, pouco tolerantes e desrespeitadoras, em resposta às suas próprias experiências e história de vida e não porque nasceram más), que a maioria das pessoas é “boa” e que mesmo para os adultos é difícil encontrar resposta, pode ser uma resposta suficientemente apaziguadora para a criança.

Ajude a criança a sentir-se segura, mantendo as rotinas e colocando o foco no carácter “excecional e pouco provável” do acontecimento. São acontecimentos trágicos mas raros. Com crianças mais velhas pode mesmo ser útil distinguir probabilidade de possibilidade. Há eventos que são possíveis mas cuja probabilidade de acontecer é reduzida.

Face ao impacto emocional que notícias com este tipo de conteúdos pode ter nas crianças, fique atento a possíveis mudanças comportamentais que possam surgir e que remetam para alguma dificuldade de gestão emocional que a criança esteja a experienciar: dificuldade a adormecer, pesadelos, ansiedade, maior dependência do adulto, evitamento de certos locais, etc…

Notícias focadas no tema do terrorismo podem constituir uma oportunidade para adultos e crianças falarem sobre valores como o respeito, a tolerância, a solidariedade, a assertividade… A má notícia pode ser um início de uma conversa sobre os bons valores!

O tema é sensível. Não há respostas inteiramente verdadeiras e que possam funcionar de igual forma com todas as crianças. De qualquer modo, a forma como aborda o assunto será a chave para a forma como o seu filho lida com ele.

Deixo-lhe a sugestão: porque não partilhar este texto e contribuir para ajudar outros pais, mães e educadores a fazerem face a este tipo de perguntas e preocupações dos mais novo?

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