Estive quase a puxar a mão atrás - Pumpkin.pt

Estive quase a puxar a mão atrás

A mãe é que sabe, e se há alguém que tem de meter isso na cabeça, são as mães. No caso deste blog, que também originou um livro, as mães (e as Joanas) são duas. Mais diferentes impossível, mas com o coração da amizade que as une, partilham, quase sempre num registo muito divertido, conselhos, opiniões e desabafos sobre os primeiros dois anos de vida de um bebé. A Pumpkin publica uma das nossas crónicas preferidas: “Estive quase a puxar a mão atrás”
Há dias que nos levam ao limite. Há dias em que parece que está tudo organizado para nos lixar a cabeça, para nos deitar abaixo e que nos fazem questionar tudo e mais alguma coisa.

A Irene vem muito sensível e cansada da creche. Estava habituada a fazer três horas de sono à tarde, sem ninguém a perturbar, agora acorda com os outros miúdos (dormem todos na mesma sala, claro), além de passar o dia muito mais ocupada e, por isso, gastar mais energia.

Agora, por também conviver com outros meninos da idade dela, também aprendeu a ser chafurdona com a comida. Ainda ontem decidiu cuspir a quinoa toda (fui eu a cozinhá-la, pensei que poderia ter toda a razão) e gritar que queria comer a minha massa. Disse que sim, mas que primeiro tinha de comer uma de sopa dela, uma de comida dela e depois uma de massa minha. Dizia que sim, aceitava a quinoa e depois cuspia. Eu dizia que, sendo assim, não havia massa porque além de ser uma porcaria que faz com que ela tenha de limpar o chão, faz com que a mãe fique triste por ela não ter aceitado e, portanto, fique sem vontade de lhe dar a massa.

Ela continuava a agir bem para comer a massa, mas depois cuspia na mesma. Reparei que, à semelhança de outras alturas em que a Irene fica com muito sono, não estava a fazer qualquer sentido. Isto enquanto, à moda antiga, estava louca para lhe mandar três ou quatro berros, ameaçar-lhe com tareia umas duas vezes e ainda pendurar-me nisso para não lhe contar uma história de boa noite. Não. Vi-a como uma criança morta de sono e que queria muito comer a massa e que não estava a gostar de comer a quinoa. Perguntei-lhe:

– Queres um abraço, Necas? – Sim.

Dei-lhe um abraço. Numa altura em que ela pensaria que eu estaria super desapontada e zangada com ela. Compreendi que também eu, por vezes, tenho sono e não faço sentido. Não adiantaria ninguém ficar zangado comigo ou tentar ensinar-me alguma coisa naquela altura. Olhei para ela como uma mini mulher, meia descompensada por cansaço que também faz com que fique mais sensível. Dei-lhe um abraço de mãe e sentei-a no meu colo.

Comeu a sopa toda e a quinoa, esqueceu-se da massa até que, no final, lhe dei. Deu-me uns quantos beijinhos voluntariamente no braço enquanto jantava.

E foi tudo pacífico até ir dormir. Com história da Patrulha Pata e tudo.

Um abraço que mudou tudo. A noite da filha, a noite da mãe e mais uma grande lição para mim.

Agora vou aprender a cozinhar Quinoa e já volto.
Este texto foi escrito por Joana Gama, do A Mãe É que SabeSiga o instagram do blog aqui.

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