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A disponibilidade emocional parental

disponibilidade emocional parental

A disponibilidade emocional parental para pensar no bebé, e que se traduz numa maior vontade para o compreender e o fazer sentir bem, é extremamente importante nos primeiros anos de vida do bebé. Realço, pois, o conceito de disponibilidade emocional parental (para além da tão falada disponibilidade emocional materna), sublinhando a importância quer do pai quer da mãe para o bom desenvolvimento do bebé.

Claro que a disponibilidade parental pode ser “acordada” ao longo da própria gravidez ou quando o bebé nasce ou algures na relação entre aquele pais e aquele bebé. O que importa é que haja um momento em que aquele homem se sinta pai e aquela mulher se sinta mãe e se sintam apaixonados pelo seu filho, e isso transforma profundamente a sua maneira de sentir e de pensar.

Nascente do enamoramento por aquele pequeno ser que é o seu filho, a disponibilidade emocional parental expande a capacidade dos pais para se colocarem no lugar do seu bebé, não ficarem indiferentes aos seus comportamentos, imaginarem o que se passa com ele, procurarem decifrar os seus sinais e compreender o que se pode estar a passar com ele em termos emocionais. Tudo em prol do seu bem-estar e bom desenvolvimento. Correlacionada com a maturidade emocional dos pais, esta disponibilidade permite aos pais pensarem pelo seu bebé, identificando-se com ele. É, pois, uma capacidade relacionada com a sensibilidade e a empatia (capacidade de se colocar no lugar do outro), assente no insight.

Os pais disponíveis emocionalmente expandem a sua capacidade em providenciar um quadro emocionalmente complexo à criança, que inclua a capacidade de contextualizar apropriadamente os motivos da criança, ao mesmo tempo que vão actualizando a sua visão sobre a criança, acompanhando o surgimento de comportamentos novos e inesperados ao longo do seu desenvolvimento.

Esta capacidade de insight parental contribui para que a criança sinta os seus pais como atentos às suas necessidades emocionais e capazes de aceitarem e gerirem diversos tipos de emoções, positivos e negativos.

Nem sempre o bebé encontra um adulto disponível emocionalmente. O trauma, a existência de psicopatologia, a depressão, a depressão pós-parto, e outros, são tudo exemplos de situações que perturbam a disponibilidade das figuras parentais para pensar o seu bebé, perturbando a vinculação. E o bebé, ao longo do seu desenvolvimento, vai-se ajeitando ao modelo relacional que lhe é oferecido, com base no qual vai instituindo os seus modelos internos de actuação.

O desenvolvimento do afecto e das competências cognitivas para a regulação dos afectos estão intimamente ligadas com a disponibilidade dos pais em funcionar como “caixa de ressonância e de organização” dos afectos dos seus filhos. Quando isto não sucede, na criança fica a frustração e a decepção por não se sentir compreendida… Permanecendo um vazio relacional que anseia ser preenchido. Ajeitando-se a este modelo inseguro de relação de vinculação, estas crianças nem sempre têm confiança suficiente em si e nos outros para procurarem outros objectos de investimento amoroso e narcísico, que melhor respondam ao seu “Eu” autêntico.

Inseguras na vida, pouco confiantes nos outros, estas crianças manifestam dificuldades em gerir o stress que a vida sempre nos traz. A confiança para lidar com o stress adquire-se na relação que temos com os outros, nomeadamente na relação com as figuras de vinculação. É na capacidade parental para conter, elaborar e até transformar os medos que temos em criança – juntamente com percepção de que os pais têm uma perspectiva de curiosidade e de competência face à vida – que ajuda a criança a construir a sua segurança interna e a encarar as dificuldades como desafios, e não como obstáculos difíceis de transpor.

 

Consultório de Psicologia

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