Conflitos na Infância: Olho por olho, dente por dente? - Pumpkin.pt

Conflitos na Infância: Olho por olho, dente por dente?

Conflitos na infância

Saiba como ajudar a criança a lidar com situações de conflito e violência na escola.

Bateram-te filho/a? Bate também”. Provavelmente esta é uma frase que já ouviu em algum lugar e, se é pai ou mãe, pode até já a ter utilizado com o seu filho, como forma de ajudar a criança a lidar com situações de conflito e violência na escola. Será que fez bem? Sandra Azevedo, Psicóloga Clínica da Mindkiddo – Oficina de Psicologia, responde.

Estas e outras frases do género como “não te deixes ficar”, “se não responderes, abusam e não te deixam em paz”, “não podes mostrar medo”, são frases muito utilizadas por alguns pais para a resolução de conflitos na escola.

A razão pela qual esta abordagem é usada é com a melhor das intenções: os pais fazem-no por terem medo que os filhos sejam alvo de violência e porque acreditam que esta é a melhor forma de os proteger. Contudo, será a política do “olho por olho, dente por dente” a mais adequada? Quando é connosco, adultos, é esta a solução adotada e a mais eficaz? Não propriamente. Então, porque razão com as crianças será diferente?

Antes de percebermos qual a melhor forma de lidar com esta situação, importa perceber porque razão esta estratégia não é a mais eficaz. Em primeiro lugar, trata-se de uma abordagem que implicitamente (e até explicitamente) envia a mensagem que a violência é uma resposta válida para resolver problemas interpessoais. Em segundo lugar, transmite à criança a ideia de que não pode demonstrar medo, quando pode ser (e na maioria dos casos, é de facto), o que a criança sente face à situação.

Contudo, o medo dos pais de que os filhos sejam alvos fáceis para a violência, continua lá e é legítimo. O que fazer então? Ter algumas ideias-chave em mente, poderá facilitar a ajuda que pode dar ao seu filho na resolução destas situações:

Seja empático: quando o seu filho lhe conta que lhe bateram, pare, escute e suporte. Se procurar dar logo uma solução, está a saltar etapas. Esteja genuinamente atento ao que a criança tiver para contar. Pergunte-lhe o que sentiu, o que aconteceu, como se está a sentir no momento em que está a contar. Procure perceber se está triste, se está com medo, se está assustado e dê suporte à criança, mostre-se compreensivo/a com o que ele está a sentir.

Transmita segurança: procure demonstrar à criança que está com ele para o proteger e que juntos irão encontrar uma solução para resolver o problema. Explore se costuma acontecer frequentemente ou se foi uma situação isolada. Sobretudo mostre-se interessado e colaborante para ir à escola conversar com os professores sobre esta situação, mostrando-lhe segurança e que irá procurar protegê-lo.

Ajude-o a perceber o que aconteceu: procure ajudar a criança a perceber o que estava a sentir e também o que o menino que lhe bateu poderia estar a sentir.

Ajude-o a identificar soluções para estas situações: procure ajudar a criança a perceber o que poderá fazer nessas situações, medidas que pode tomar para procurar proteger-se, pessoas a quem poderá recorrer para o ajudarem a ultrapassar.

Não demonstre irritabilidade nem aja de forma impulsiva: nestas situações é perfeitamente natural que os pais fiquem revoltados e mutas vezes as primeiras reações que têm são “a quente”. Nestas alturas, é frequente os pais terem reações como: “Esse miúdo vai ver. Eu vou à escola ter uma conversinha com ele.” A intenção é, uma vez mais, a melhor. Contudo este tipo de reações tende a assustar a criança e esta acaba por se sentir inibida em partilhar com os pais este tipo de situações futuramente. Tudo o que o seu filho precisa nestes momentos é da sua calma e da segurança que a mesma lhe transmite.

Lembre-se que violência gera violência. Por essa razão, esta nunca será a forma de a travar. O mais importante é estar lá para o seu filho, para que ele se sinta sempre confiante e seguro para partilhar sempre consigo estas situações.

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