Comunicação não verbal: vamos escutar o que as crianças não dizem! Pumpkin.pt

Comunicação não verbal: vamos escutar o que as crianças não dizem!

comunicação não verbal

As crianças - como os adultos - comunicam com o corpo todo, comunicam com o que nos dizem, mas comunicam ainda mais com tudo aquilo que não são capazes de nos dizer. Por isso mesmo, os ouvidos dos pais precisam do super poder de se transformar em 5 sentidos acutilantes, capazes de escutar até as mais pequenas entrelinhas do coração das crianças!

Há crianças que falam pelos cotovelos, há crianças que ficam a viajar no seu mundo interno e falam pouco com aqueles que estão à sua volta. Mas todas, sem exceção, comunicam com mais verdade através daquilo que não dizem – mas que nós conseguimos observar pelos seus gestos, pelas suas meias palavras, pelas suas brincadeiras, pelas suas birras. A Escola do Sentir fala-nos mais sobre a importância da comunicação não verbal, e de a sabermos interpretar. 


A verdade é que nenhuma criança acorda de manhã e salta da cama com vontade de estragar o dia dos pais; as crianças não choram, batem o pé ou revoltam-se apenas porque querem zangar os pais!

É importante que, nós adultos, tenhamos percepção que cada gesto, cada dificuldade, cada comportamento, traduzem-nos a forma como a criança se está a sentir: pode estar zangada, cansada, frustrada, triste, entre tantas outras coisas… Da mesma forma que, quando vemos uma criança a brincar solta e divertida, a vir ter connosco e, enquanto ri com o corpo todo, nos pede com a maior das delicadezas “podes brincar comigo?”, depreendemos que ela está feliz, que, naquele momento, está numa bolha de bem-estar e respondemos à altura daquele bem-estar.

Quando a criança está rabugenta, a chorar, ou, simplesmente, está aborrecida e não quer brincar, nós, por norma, não respondemos à altura desses estados emocionais, optando ou por os ignorar, ou por responder de uma forma mais zangada do que compreensiva e tolerante, ficando a criança sem rede e com a ideia que faça o que fizer parece que ninguém é capaz de perceber o que ela sente.

Por exemplo, quando a criança nos pede para lhe dar o banho ou para lhe dar a comida à boca e nós sabemos que a criança é capaz de comer sozinha, de tomar banho e que, habitualmente, o faz sozinha, na grande maioria das vezes a criança só está a interpelar os pais para lhe darem mais atenção, porque enquanto lhe dão o banho, a mãe ou o pai, estão só ali sintonizados com a criança sem estar a fazer mil coisas ao mesmo tempo.

A criança sente um espaço de encontro com quem está a cuidar dela que, na maioria das vezes, não tem, ou porque os pais estão sempre na correria do dia a dia, ou porque tem de dividir os pais com os irmãos… e, assim, a criança por entre os seus passos pequeninos vai sempre interpelando os pais e puxando-se das formas mais inimagináveis para a relação.

E – acreditem! – muitas vezes, quando uma criança empurra um pai ou uma mãe para longe com um “és a pior mãe do mundo, odeio-te!”, só o faz porque, na grande maioria das vezes, tem a certeza que aqueles pais são loucos de amor por ela e quer que esses pais se cheguem à frente a a puxem bem para junto deles!

Assim, a criança, não raras vezes, está a dizer por entre os dentes “eu gosto tanto de ti, mas tanto de ti, que não acredito que me estás a magoar dessa forma, vamos lá ver o que fazes tu, quando te empurro para longe de mim e te tento magoar”, ganhando assim um “odeio-te” uma tradução para “amo-te, mostra-me que me amas, puxa-me para junto de ti, o mais que conseguires!”

O grande desafio é sermos capazes de ouvir até aquilo que a criança não nos diz, mas nos vai mostrando no seu dia a dia pelas sua atitudes, por meias palavras e estados emocionais. Se uma criança está rabugenta, devemos ser capazes de parar junto dela, de sentir aquela criança e traduzir-lhe por palavras tudo aquilo que se passa dentro dela, de forma a assegurar-lhe que, aconteça o que acontecer, está sempre ali alguém capaz de ouvir até o que a criança não lhe diz.

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