Os miúdos já têm idade para participar nas tarefas de casa e gostaria que eles tivessem um papel mais interventivo? A Magda de Mum’s the Boss dá-nos algumas dicas.
A resposta à questão Porque é que os miúdos não participam nas tarefas domésticas é muito clara: porque não os educamos nesse sentido. Ponto final.
É verdade que vivemos de forma diferente da dos nossos pais e ainda mais diferente da dos nossos avós. E também é verdade que não nos casamos tão cedo e estudamos até mais tarde. A nossa realidade é totalmente diferente.
Então como é que se dá a volta a tudo isto? Os filhos são nossos e facilmente percebemos quando é que estão prontos (e desejosos) de participarem nas tarefas domésticas. Logo ali aos 18 meses eles estão prontíssimos para nos ajudarem. Podem levar a fralda para o caixote do lixo, podem ajudar a deitar fora as cascas das cenouras que descascamos ou até a arrumar as meias nas suas gavetas. E quem diz meias, diz brinquedos.
Quando colocamos os miúdos a fazerem estas tarefas connosco, então estamos a influenciá-los de uma forma muito bonita: olha para o que eu digo e olha para o que eu faço. Na verdade, não podemos nunca subestimar a nossa influência enquanto pais.
O meu filho de 2,5 anos quer ajudar-me sempre quando estou a cozinhar: a cortar, a partir a massa para cozer, a levar os pratos para a mesa. É um querido mas é muito pequeno e tenho medo que se magoe. O mundo torna-se num sítio ainda mais interessante a partir do momento em que os miúdos se passam a deslocar sozinhos. Até ali, eles tinham tido a nossa ajuda para muita coisa. Agora que se descobrem livres, autónomos e até já se sabem exprimir, a banda sonora passa a ser ‘don’t stop me now’. Mas a verdade é que eles ainda são pequeninos e precisam muito da nossa ajuda.
Quando o meu filho de 2,5 anos quer vir para o pé de mim ver a água que coze a massa ferver, está em zona perigosa. Quando ele quer ajudar a a cortar as cenouras com a faca afiada ou quer varrer mas, em vez de varrer está a sujar, pode também estar a entrar numa zona muito perigosa.
A nossa tendência natural é colocá-los para fora da nossa área de actuação. Primeiro porque é perigoso e em segundo lugar sem eles ao nosso lado, fazemos as coisas mais depressa.
Soluções: Dar a oportunidade à criança de participar – dando-lhe uma faca de manteiga para ele cortar as cascas das cenouras; uma tigela para ele fazer a sopa para os bebés deles e deixar varrer. Compre-lhe uma vassoura e mostre-lhe como se faz. Peça-lhe para arrumar as caixas de plástico, deitaro cartão no caixote do lixo certo ou provar o arroz a ver se falta sal.
Quanto mais envolvida a criança se sentir, mais vai querer contribuir e isso passará a ser uma situação natural para a qual não necessitarás, mais tarde, de insistires. Mas por favor, insiste
O meu filho de 9 anos recusa-se a ajudar nas tarefas domésticas. Diz que não é meu empregado e que tem de ajudar. Como é que o obrigo? É normal esta situação começar aos 6 anos inclusivamente. Primeiro porque as crianças passam a ter uma consciência de si diferente.
Em seguida, porque vão copiar muitas expressões que escutam e passam a usá-las como adequadas à sua idade e maturidade. O que não é verdade. Em seguida, porque quando eram mais pequenas, foram convidadas a saírem da zona onde queriam participar. E porque aprenderam a não participar, porque não eram queridas, então agora já não querem. O que fazer?
Começar por pedir ajuda e a perguntar como é que fariam? Nestas idades os miúdos gostam de se sentirem importantes – gostam de mostrar que sabem e, se o soubermos fazer, gostarão de aprender connosco. Então, em vez de atribuirmos tarefas, podemos pedir o contributo deles – que é mais ou menos a mesma coisa mas com um grau de envolvimento diferente. Podemos pedir para compararem preços dos produtos nas lojas online, podemos organizar uma festa surpresa ao pai e envolvê-los também. De manhã, podemos passar a acordar todos mais cedo para termos tempo de deixar a cozinha arrumada e as camas feitas. E é normal que eles se esqueçam de fazer estas tarefas – não é por mal – e não podemos levar a mal. A nossa função é recordar : Filipe, a cama! João, a caneca está em cima do balcão.’ Sem andarmos de dedo em riste. E depois, naturalmente, valorizar a ajuda!
Eu vi que a tua cama ficou com os cobertores mesmo bem esticadinhos – parecia cama de hotel!
João, nem queria acreditar quando percebi que a máquina da loiça estava a lavar! Que bom, logo à noite, graças a ti, vamos ter a loiça limpa. Ao sentirem que o seu contributo é válido, as crianças passam a querer ajudar.
Quanto mais encorajamos a competência da criança, mais ela se sente envolvida e capaz e isso promove a competência e a sua autonomia. No limite, é mesmo para isto que educamos: para termos adultos independentes, autónomos, capazes e que saibam tratar das suas vidas.
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