Conheçam algumas formas de tornar os miúdos mais fortes perante a possibilidade de sofrerem bullying na escola.
Na prevenção está o ganho, sempre ouvimos dizer e com razão. Se não sabem como prevenir bullying, a resposta pode ser mais simples do que parece.
Preparar as crianças para a possibilidade de sofrerem bullying na escola ajuda a que, no concretizar da situação, estas se sintam mais fortes e estejam mais protegidas do impacto das palavras e atitudes dos colegas.
Mas como é que podemos criar condições para que as nossas abobrinhas sejam “à prova” de bullying na escola? Descubra também como reagir se o seu filho disser que não quer “ir à escola”.
Como prevenir bullying: 5 dicas
1. Conversar sobre bullying é primordial
A comunicação é e sempre foi um elo de confiança inquebrável. Para Tânia Paias, directora do PortalBullying e psicóloga na PsiCronos, falar abertamente sobre qualquer assunto com os nossos filhos é dar-lhes uma fortaleza.
Por vezes, enquanto pais, tentamos proteger os nossos filhos das emoções mais negativas, mas é importante que eles as compreendam e saibam com elas lidar, pois de uma forma ou de outra, estas surgirão.
Saber como o nosso filho vê o mundo, como os que o rodeiam o percecionam, como funcionam em conjunto, como pensam no futuro, como projetam a sua vida, como falam dos outros, qual a sensibilidade para bens comuns, é também muito importante e deve constar do conhecimento que os pais possuem dos seus filhos, pois só assim estaremos em condições de os auxiliar nas suas necessidades e de combater o bullying.
Explicar claramente à criança o conceito de “bullying”permite que ela se aperceba rapidamente se está, ou algum amigo, exposto a uma situação de abuso emocional por parte de um colega ou de outra criança (por norma, mais velha).
Tentem frisar que o bullying é uma situação que não escolhe vítimas – pode acontecer a qualquer pessoa que seja “diferente” dos outros, ou do padrão que o bully tem como referência comum.
Mas o que é ser diferente, de facto? Devemos tentar encaixar-nos em algum padrão, para evitar ser colocado de parte ou gozado? O bully pode atacar outra criança por esta ser gorda ou por ser magra, por ter boas ou más notas, por ter caracóis ou usar óculos – portanto, não, não vale a pena tentar pertencer a nenhum grupo, os riscos existem sempre, e o sucesso imediato e futuro passa muito por sermos nós mesmos.
É por isso importante transmitir aos seus filhos outro valor: o da auto-confiança.
2. Criar crianças confiantes
As abobrinhas precisam de acreditar que o seu valor não é definido pelo seu aspecto físico, e muito menos pela opinião de quem não gosta delas, e sim pelo que de bom e de mau fazem no dia a dia.
Nunca deixem de lembrar aos vossos filhos as qualidades que mais admira neles: digam-lhes que notam o quão esforçado eles são, que admiram a sua capacidade de ser amável para com todos, que acham bonita a forma como ele se preocupa com os outros e é bom amigo. Elogiem-no por já saber contar até 100 em inglês, e simplesmente transmitam confiança e admiração, para que, de forma natural, ele se sinta mais confiante também.
Crianças que são fortes psicologicamente e que crescem num ninho de amor podem ficar impressionadas com a maldade de algumas palavras, mas estão também mais protegidas delas. Por isso, fazê-las gostarem de si mesmas é a melhor resposta à pergunta “como prevenir bullying?”, porque as torna à prova de mentiras e violências.
Ao mesmo tempo, crianças que são mais confiantes e que o transmitem através da sua linguagem corporal – olham os outros nos olhos, não são tímidas e estão à vontade em todas as situações – estão à partida menos expostos à possibilidade de serem confrontados pelos colegas.
E se o forem, também saberão reagir de outra forma, com menos medo, e capazes de responder às adversidades com uma cara zangada ou um “deixa-me em paz” convicto e firme.
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3. Encorajar pedidos de ajuda
Nada há de errado em pedir ajuda. Mostrem ao vosso filho a vossa abertura e interesse, para que ele se sinta confortável em admitir os problemas que têm e a procurar os conselhos ou a intervenção de outras pessoas – seja a dos pais, a de professores ou a de outros colegas.
Se ele o fizer no dia a dia, com dúvidas nos trabalhos de casa ou quaisquer outros problemas com que lide, será mais fácil fazê-lo também numa situação de bullying.
Ao pedir ajuda a criança engrandece-se, porque sente que não está sozinha. É importante reforçar-lhes que não devem ter vergonha de ser vítimas de bullying nem de pedir ajuda, porque não são eles quem estão a errar. Mesmo antes de o bullying acontecer.
porque quando melhoramos a nossa comunicação com as abobrinhas, criamos pontes para que elas regressem a nós quando necessitam.
4. Comunicar com a escola
A escola é um veículo importante na prevenção de bullying. Proponham aos professores do vosso filho, ou à direção do agrupamento escolar, a realização de alguns workshops com especialistas, de forma a proporcionar aos alunos ferramentas de defesa mais estruturadas.
Partilhem com a escola a existência da Associação Princesa Azul, que combate o bullying através do amor e promove nas escolas várias iniciativas no âmbito da consciencialização do bullying e da ausência de auto-estima.
O acesso à informação pode também ser um gatilho para uma mudança justificada, ou, em último caso, funcionar como um alerta para os bullies, que percebendo o interesse e envolvimento da escola, podem retrair-se de comportamentos mais agressivos.
Ao mesmo tempo, e como adultos, mostrem ser encarregados de educação presentes e interessados, incentivem o envolvimento de outros pais que conheçam, e criem uma rede de amizade entre “crescidos” que force positivamente as relações próximas entre as crianças.
E não hesitem em falar, se o vosso filho for vítima de bullying. Exijam uma posição da escola. Um bom ambiente escolar requere trabalho comum entre todos os pólos de educação, pais e professores, e uma comunicação direta e imediata pode impedir que o bullying se estenda no tempo ou acabe a acontecer também com outras crianças.
5. Independência, hobbies e resolução de problemas
O segredo é só um, no final de tudo: ajudar a criança a reunir em si próprio as ferramentas para não se deixar afetar pelos demais. Para o conseguirem, é fundamental conhecer bem a criança, a sua personalidade e gostos, mas isso não será difícil, afinal ninguém melhor do que os pais para saber ler os filhos. 🙂
Incentivem as crianças a envolver-se em hobbies que os distraíam e, ao mesmo tempo, os façam sentir-se bem consigo mesmos e com os objetivos que vão atingindo.
É normal que as crianças, quando envolvidas em algo que as motiva, não concedam tanto poder ao que lhes faz mal, ou saibam intepretar de forma diferente as tentativas de “agressão”, física ou verbal, que eventualmente possam sofrer. Quando estamos felizes, a maldade dos outros não nos toca (tanto).
Ao mesmo tempo, ensinem-lhes algumas estratégias simples de “reacção”, ou de não reacção, dependendo de como o vemos, para que se possam defender caso alguém os ataque. Técnicas de respiração, por exemplo, são uma boa aposta. Parece cliché, mas contar até 10 ajuda mesmo. E não incentivem a que “batam também” ou “insultem de volta” caso lhes batam ou insultem – responder com violência não ajuda nada a médio/longo prazo.
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