Parte da nossa missão enquanto pais é tornar o nossos filhos vozes ativas não apenas na homenagem ao passado mas sobretudo na resistência à sua repetição.
Talvez o título deste artigo devesse ler-se “como explicar o inexplicável às crianças?”. No fundo, essa será a maior dificuldade de todos os pais e educadores que falam com os mais novos sobre o Holocausto: encontrar palavras que traduzam não apenas aquilo que aconteceu, mas também as motivações por detrás do horror perpetuado.
Explicar um dos capítulos mais desumanos e desoladores da nossa História partilhada continua a ser, à distância de quase oito décadas, um objetivo comum a historiadores, psicólogos e herdeiros do sofrimento vivido. São inúmeras as obras e as partilhas, são infinitos os testemunhos e os estudos. Ainda assim, insuficientes, de tão absolutamente necessários.
Assim, reunimos, com o cuidado e respeito que o tema a todos nos merece, e levando em consideração a maturidade emocional das abobrinhas, recursos e ferramentas para que também as nossas crianças possam, desde a mais tenra idade, conhecer a violência nazi e os contornos da maldade humana.
O Holocausto explicado às crianças: uma História impossível de simplificar
O termo holocausto refere-se ao genocídio levado a cabo pela Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial. Até 1945, os judeus – mas também qualquer outra minoria considerada inferior pelos nazis, como os ciganos, os homossexuais e os negros – foram sistemicamente agrupados em guetos, explorados e forçados a trabalhar até à exaustão em campos de concentração.
Mais, foram purgados e sumariamente executados, utilizando-se métodos inexplicavelmente violentos, cruéis e desumanos, com o objetivo único de extermínio. O Holocausto fez parte da Solução Final, um plano cujo objetivo passava por “purificar a Europa” e que se baseava num discurso político de bases anti-semitas, ou seja, que promovia o ódio aos judeus.
Falar com as crianças sobre um assunto tão sensível torna-se assustador, mas é possível fazê-lo, tomando alguns cuidados importantes. Sobretudo, faz sentido assumir connosco e com as nossas crianças um compromisso pela verdade, mas também pela honestidade, que não necessariamente serão a mesma coisa.
Um compromisso pela verdade obriga-nos a não esconder ou aligeirar aquilo que aconteceu: sim, morreram milhões de pessoas, crianças, idosos, homens, mulheres, e morreram às mãos da maldade de outras que se julgavam superiores. Um compromisso pela honestidade alivia-nos o peso de responder “não sei” quando nos perguntarem como ou porquê tal aconteceu.
Acima de tudo, falar sobre o Holocausto deve ser encarado como uma forma de transmitir e reafirmar princípios descodificados a partir de uma tragédia, como o respeito, a tolerância, os direitos humanos e o respeito pela vida e pela liberdade.
A abordagem, claro, é necessariamente diferente consoante a idade das abobrinhas. É fundamental existir um cuidado para não traumatizar as crianças, criando-lhes um espaço seguro e de conforto, apesar das desventuras da partilha.
Por isso, focarem-se em histórias reais de vítimas, falando da sua fuga, da salvação e da vida no depois, pode, por exemplo, ser o mais apropriado quando conversam com crianças a partir dos 6 e até aos 10 anos, até porque a História torna-se mais concreta e fácil de entender quando temos um nome, senão mesmo um rosto.
Nesta fase, mais do que fazer um recapitular de todos os acontecimentos, deve encarar-se o Holocausto como uma ferramenta para trabalhar os tais valores, mas também sentimentos – principalmente aqueles com os quais eles conseguem já identificar-se. O que é o medo? Pode ser aquilo que uma menina da sua idade sentiu quando, durante 400 dias, se escondeu num buraco, com receio de ser encontrada e que lhe fizessem mal por pertencer a uma família diferente.
A partir dos 10, 12 anos, e dependendo sempre da personalidade e maturidade da criança, pode fazer sentido oferecer um maior contexto, até porque é expectável que as vossas explicações gerem questões concretas. Ainda que, à semelhança do feito nas faixas etárias inferiores, seja mais fácil dar a conhecer a História através de relatos pessoais, é possível que o interesse amplifique a curiosidade mais factual.
Por isso, preparem-se para responder a dúvidas como quem foi Hitler, como chegou ao poder e o manteve, por que eram os judeus encarados como os maiores inimigos do povo alemão, como é que ninguém impediu a tragédia, que métodos foram utilizados para silenciar todo um país, entre tantas outras possíveis de antecipar mas não necessariamente fáceis de dar resposta.
Ou ofereçam-lhes ferramentas, como livros ou filmes, que vos permita dar-lhes a conhecer uma História que talvez se sintam pouco preparados para decifrar.
O Holocausto explicado às crianças: livros
Em Portugal estão publicados vários títulos para a juventude que abordam direta ou indiretamente o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, muitos deles fazendo recurso à ilustração e à banda desenhada para tornar mais simples a mensagem.
Estas nossas recomendações de idade são meramente indicativas: aconselhamos os pais a avaliar a maturidade emocional das crianças, de forma a perceber se estarão ou não preparadas para a leitura dos livros listados.
O Diário de Anne Frank
É a sugestão mais óbvia e incontornável.
Escrito entre 12 de junho de 1942 e 1 de agosto de 1944, o Diário mantido por Anne Frank foi publicado pela primeira vez em 1947, por iniciativa do seu pai, revelando ao mundo o dia a dia de dois longos anos de uma adolescente forçada a esconder-se, juntamente com a sua família e um grupo de outros judeus, durante a ocupação nazi da cidade de Amesterdão. O seu diário tornar-se-ia um dos livros de não ficção mais lidos em todo o mundo, testemunho incomparável do terror da guerra e do fulgor do espírito humano.
Esta versão, O Diário de Anne Frank – Diário Gráfico, lançada mundialmente em celebração do 70º aniversário de O Diário de Anne Frank, é a sua primeira adaptação para banda desenhada, realizada com a autorização da família e tendo por base os textos originais do diário.
Do mesmo autor, o livro À procura de Anne Frank inspira-se na amiga imaginária de Anne Frank, Kitty. Acompanhada pelas memórias dos dias passados no anexo secreto, Kitty percorre as ruas da capital holandesa de hoje e com a ajuda de amigos inesperados irá descobrir o que foi o Holocausto, o que isso significou para Anne e o que, por sua vez, o seu diário continua a representar para as crianças de todo o mundo.
Para uma primeira abordagem à vida de Anne, recomendamos ainda “Pequenos Livros sobre Grandes Pessoas 3: Anne Frank“, volume que faz parte de uma coleção de biografias para crianças, com um visual moderno e atrativo, repleta de ilustrações muito coloridas.
Anne Frank era uma rapariga irrequieta e feliz. Devido à perseguição feita aos judeus na Alemanha Nazi, Anne e a sua família emigraram para a Holanda.
Também aqui começaram a ser ameaçados e foram obrigados a esconderem-se num anexo durante dois anos. Neste período difícil, Anne, que sonhava ser escritora, escreveu um diário. Anne Frank é hoje lembrada como uma heroína.
Idade mínima recomendada: Entre 6 e 10 anos.
O Rapaz do Caixote de Madeira
Leon Leyson tinha apenas dez anos quando os nazis invadiram a Polónia em 1939 e a sua família foi forçada a viver no gueto de Cracóvia.
Neste seu livro de memórias, Leon começa por nos descrever uma infância feliz, na sua aldeia natal e felizmente para a família, o seu caminho cruzar-se-ia com o de Oskar Schindler que os incluiu na célebre lista dos trabalhadores da sua fábrica. Na altura com apenas 13 anos, Leon era tão pequeno que tinha de subir para cima de um caixote de madeira para chegar aos comandos das máquinas.
Ao longo desta história, que reproduz com autenticidade o ponto de vista de uma criança, Leon Leyson deixa-nos entrever, no meio do horror que todos os dias enfrentavam, a coragem, a astúcia e o amor que foram necessários para poderem sobreviver.
“O Rapaz do Caixote de Madeira” é uma extraordinária lição sobre os mais nobres valores humanos.
Indicado para: crianças a partir dos 10 anos.
A História de Erika
“A História de Erika” é a história comovente e chocante de uma sobrevivente do maior genocídio do século XX.
Erika nasceu em 1944, mas desconhece tudo sobre a família. A única coisa que sabe é que foi salva do Holocausto pelos pais, depois de ter sido atirada de um comboio que seguia para um campo de concentração. Tinha poucos meses de vida e foi resgatada por uma mulher, que a adotou.
“Foi ela que decidiu que o meu nome seria Erika. Foi ela que me deu um lar. Foi ela que me alimentou, que me vestiu, que me mandou para a escola. Ela foi boa para mim”, escreve Ruth Vander Zee no livro, reproduzindo a narração de Erika.
“A história de Erika”, que integra o Plano Nacional de Leitura, soma vários prémios internacionais e foi eleito em 2004 um dos livros de leitura recomendada na Alemanha.
Indicado para: crianças a partir dos 10 anos.
Quando Hitler roubou o Coelho Cor-de-Rosa
“Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-Rosa” é uma das obras mais lidas por jovens de todo o mundo. Considerada um clássico da literatura juvenil, e inspirada na vida da própria autora, fala-nos da Segunda Guerra Mundial numa nova perspetiva e até com algum humor.
Vive-se o ano de 1933. Anna tem apenas nove anos e anda demasiado ocupada com a escola e com os amigos para reparar nos cartazes políticos espalhados pela cidade de Berlim com a suástica nazi e a fotografia de Adolf Hitler, o homem que muito em breve mudaria a face da Europa. Ser judeu, pensa ela, é apenas algo que somos porque os nossos pais e avós são judeus.
Mas um dia o pai dela desaparece inexplicavelmente. E, pouco tempo depois, ela e o irmão, Max, são levados pela mãe com todo o sigilo para fora da Alemanha, deixando para trás a sua casa, os amigos e os amados brinquedos. Reunida na Suíça, a família de Anna embarca numa aventura que vai durar anos.
Indicado para: crianças a partir dos 10 anos.
O Rapaz do Pijama às Riscas
«Ao regressar da escola um dia, Bruno constata que as suas coisas estão a ser empacotadas. O seu pai tinha sido promovido no trabalho e toda a família tem de mudar-se para outra cidade.
Pior do que isso, a nova casa é delimitada por uma vedação de arame que se estende a perder de vista e que o isola das pessoas que ele consegue ver, através da janela, do outro lado da vedação, as quais, curiosamente, usam todas um pijama às riscas.
Como Bruno adora fazer explorações, desobedecendo às ordens expressas do pai, resolve investigar até onde vai a vedação. É então que encontra um rapazinho mais ou menos da sua idade, vestido com o pijama às riscas que ele já tinha observado, e que em breve se torna o seu melhor amigo…»
“O Rapaz do Pijama às Riscas” é uma história comovente, que desvenda a realidade dos campos de concentração através dos olhos inocentes de uma criança.
Indicado para: alunos do 3º ciclo.
Um Dia / A Seguir / Depois / Em Breve / Talvez / Agora
Há épocas e acontecimentos que não podem ser esquecidos. O aclamado e multipremiado escritor britânico Morris Gleitzman é autor de uma série essencial sobre a vida de um órfão judeu durante a II Guerra Mundial.
“Um Dia“, o primeiro volume da coleção, apresenta-nos Felix Salinger, cuja vida não é nada fácil. Ele é judeu e vive num orfanato na Polónia dos anos 40, em plena Segunda Guerra Mundial. Felix gosta de ler, escrever e contar histórias. Até que um dia, decide fugir para procurar os pais.
A determinação, inteligência e imaginação de Felix vão ajudá-lo a lidar com situações muito difíceis, no meio de nazis e cidadãos apavorados, e a encontrar pessoas maravilhosas, como a pequena Zelda e o velho Barney.
Contada na primeira pessoa, por uma criança cheia de sonhos e muito inocente, esta emocionante história aborda a infância, a solidariedade, a amizade, a coragem e a esperança no meio do drama da guerra.
Toda a coleção aqui:
Indicados para: crianças a partir dos 12 anos.
Nevoeiro em Agosto
Na Alemanha nazi de 1933, um menino de 4 anos de etnia cigana é separado da sua família nómada e enviado para um orfanato.
Após anos a saltar de instituição em instituição, impedido de conviver com a família e sem o afeto dos pais, o comportamento de Ernest é considerado incorrigível e o rapaz, já com 12 anos, é enviado para um hospital psiquiátrico.
É aí que irá descobrir, pela primeira vez, a amizade e o amor, mas é também o momento em que começa a desconfiar do que realmente acontece naquele hospital. Pacientes que, como ele, estão de perfeita saúde física e mental, têm estranhos e repentinos encontros com doenças misteriosas – ou desaparecem.
Contada através da perspetiva do jovem Ernst, “Nevoeiro em Agosto” é a história trágica, mas verdadeira, da sua breve vida e da sua luta pela verdade e pela liberdade. Um relato de coragem e amizade no cenário desesperante de guerra e ódio que varreu a Europa durante a segunda guerra mundial.
Idade recomendada: crianças a partir dos 12 anos.
O Caderno do Avô Heinrich
Heinrich e Józef conhecem-se na Polónia, no início da Segunda Guerra Mundial. Heinrich acaba de chegar da Alemanha e sente-se muito só. Felizmente, depressa tudo muda, e a amizade entre ambos nasce, cresce e ganha uma extraordinária força.
Naquele tempo, o homem que tinha subido ao poder na Alemanha resolveu que iria dominar o mundo e perseguir todos os que considerava serem de raças inferiores, como os judeus ou os ciganos, e também todas as pessoas que lhe opusessem resistência. Esse homem chamava-se Adolf Hitler. Fez milhões de vítimas, um verdadeiro extermínio que ficou conhecido como o Holocausto.
“O Caderno do Avô Heinrich” mostra-nos como a capacidade humana de criar e apreciar a beleza são fundamentais para promover a paz e a amizade entre os povos. A história, escrita com grande sensibilidade, conta-nos como, num tempo tão difícil, Heinrich e Józef conseguiram manter a sua amizade.
Indicado para: crianças a partir dos 12 anos.
A Rapariga do Casaco Azul
Amesterdão, 1943. Enquanto a Europa é engolida pelo véu nazi, Hanneke percorre diariamente as ruas da cidade. Com apenas 18 anos, ela consegue arranjar os bens raros que as pessoas procuram no mercado negro: chocolate, café, tecidos… Pequenos pedaços de normalidade, preciosos em tempos de conflito. E Hanneke fá-lo apenas por dinheiro! Não há espaço para bondade num mundo devastado por uma guerra que lhe roubou a vida e os sonhos.
Até ao dia em que uma das clientes de Hanneke lhe faz um pedido tão perigoso quanto desafiante: que encontre a pequena Mirjam, uma rapariga judia que a senhora mantinha escondida em casa. A única pista que Hanneke tem é que, no dia em que desapareceu, Mirjam vestia um casaco azul.
Contrariando o seu instinto, Hanneke decide procurar a rapariga. O que ela não sabe é que, ao procurar a pequena Mirjam, vai reencontrar uma parte de si mesma, aquela que Hanneke pensava ter sido completamente destruída com o som das primeiras bombas.
“A Rapariga do Casaco Azul” é uma história poderosa e envolvente. Um olhar sobre a cidade de Anne Frank e sobre a força daqueles que, com pequenos gestos, lutaram contra o terror nazi.
Indicado para: crianças com mais de 12 anos.
Rosa Branca
Rosa Branca é uma menina alemã que presencia a detenção de um rapaz por um grupo de soldados. Seguindo o camião onde o transportam, chega à clareira de uma floresta, e aí descobre muitas crianças prisioneiras e esfomeadas que têm uma estrela cosida na roupa. As suas idas e vindas até ao campo de concentração para lhes levar comida às escondidas tornam-se a partir daí contínuas.
Ambientada na Alemanha da Segunda Grande Guerra, o Holocausto serve de pano de fundo a esta obra. Frente à tragédia humanitária e ao belicismo infundado, a figura de Rosa Branca representa a esperança, através dos sentimentos mais puros da infância: bondade, inocência, generosidade e ausência de preconceitos.
A protagonista tem simbolicamente o nome de um grupo da resistência alemã contra o regime de Hitler, do qual alguns dos seus membros foram descobertos e executados.
Indicado para: crianças com mais de 12 anos.
A Rapariga que Roubava Livros
Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em A Rapariga Que Roubava Livros, vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito activa na recolha de almas vítimas do conflito.
E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adopção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência.
Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra.
Um livro soberbo que prima pela originalidade e que nos devolve um outro olhar sobre os dias da guerra no coração da Alemanha e acima de tudo pelo amor à literatura.
Indicado para: crianças a frequentar o 9º ano de escolaridade.
O Holocausto explicado às crianças: filmes e documentários
A maioria dos filmes dedicados à infância sobre o tema do Holocausto são inspirados em alguns dos livros acima recomendados.
Ainda assim, são uma forma mais rápida e visual de introduzir o tema às crianças, pelo que se tornam recomendações com muito valor educativo e emocional.
Reunimos ainda documentários que ajudam as crianças mais crescidas a entender melhor os acontecimentos.
À Procura de Anne Frank
Neste filme de animação, assinado pelo realizador israelita Ari Folman, vamos acompanhar a amiga imaginária de Anne Frank, Kitty. Acompanhada pelas memórias dos dias passados no anexo secreto, Kitty percorre as ruas de Amsterdam nos dias de hoje.
Com a ajuda de amigos inesperados irá descobrir o que foi o Holocausto, o que isso significou para Anne e o que, por sua vez, o seu diário continua a representar para as crianças de todo o mundo.
Classificação: M/6.
Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-Rosa
Anna, de nove anos de idade, vive com os pais e o irmão mais velho, Max, em Berlim e anda demasiado ocupada com a escola e com os amigos para reparar nos cartazes políticos espalhados pela cidade com a suástica nazi e a fotografia de Hitler. Ser judeu, pensa ela, é apenas algo que somos porque os nossos pais e avós são judeus. Quando o pai, um conhecido jornalista que critica abertamente o regime, recebe a informação de que é procurado por causa das suas posições políticas, a família tem de fugir.
Por exigência da mãe, Anna tem uma difícil tarefa pela frente: escolher apenas um brinquedo para levar consigo na viagem. A menina fica na dúvida entre um cachorro e um coelho cor-de-rosa. Mas quando a zelosa Heimpi, que cuidou de Anna desde o nascimento, garante que irá cuidar do boneco que ela deixar para trás, Anna acaba por optar pelo mais recente.
Assim, quando mãe e os dois filhos partem ao encontro do pai, é o puído coelho cor-de-rosa que fica para trás. O que Anna não sabe é que naquele momento não se despede só dos seus brinquedos, mas também da Alemanha e de tudo o que lhe é familiar. De uma hora para outra, a sua vida muda radicalmente e Anna vai ter de lidar com medos e incertezas, mas, sobretudo, com o fim precoce da sua infância.
Classificação: M/6.
A Rapariga que Roubava Livros
Adaptação ao cinema da história de “A Rapariga que Roubava Livros”, este filme conta-nos a história de Liesel Meminger, uma rapariga adoptada que vive nos arredores de Munique. Liesel cria um sentido para a sua vida roubando algo a que não consegue resistir – livros.
Com a ajuda do seu pai adoptivo que toca acordeão, Liesel aprende a ler e, durante os bombardeamentos, compartilha os livros roubados com os seus vizinhos e com o judeu escondido na sua cave, antes de este ser deslocado para Dachau.
Classificação: M/12.
O Rapaz do Pijama às Riscas
Inspirado no livro com o mesmo nome, “O Rapaz do Pijama às Riscas” conta-nos a história de um rapaz de oito anos, Bruno, o protegido filho de um agente nazi cuja promoção leva a família a sair da sua confortável casa em Berlim para uma despovoada região.
Esmagado pelo aborrecimento e traído pela curiosidade, Bruno ignora os constantes avisos da mãe para não explorar o jardim, por detrás da casa, e dirige-se à quinta que viu ali perto. Nesse local, Bruno conhece Shmuel, um rapaz da sua idade que vive numa realidade paralela, do outro lado da vedação de arame farpado.
O encontro de Bruno com este rapaz de pijama às riscas vai arrancá-lo da sua inocência e resultar no despontar da sua consciência sobre o mundo adulto que o rodeia. Os repetidos e secretos encontros com Shmuel desaguam numa amizade com consequências inesperadas e devastadoras.
Classificação: M/12.
Os Meninos que Enganavam os Nazis
Ano de 1941. França faz parte do território ocupado pelos alemães. Joseph e Maurice, de dez e 13 anos, respectivamente, são dois irmãos judeus que, para escapar ao regime nazi, se vêem obrigados a atravessar o país a pé, completamente entregues a si próprios.
Impelidos pelos pais, que dão 500 francos a cada um e as indicações do que fazer, dão provas de uma enorme determinação, coragem e capacidade de sobrevivência, que os fará escapar ao inimigo e, mais tarde, voltar a reunir-se com a família…
Classificação: M/12.
O Diário de Anne Frank em vlog
A vida de Anne Frank decorreu durante a segunda guerra mundial tendo ficado famosa pelo seu diário que foi depois encontrado e traduzido internacionalmente.
É cada vez mais desafiante colocar as crianças e os adolescentes a ler e, por isso, a Casa de Anne Frank surge com uma nova forma de contar a história de Anne Frank. Por esta razão, o YouTube foi a plataforma escolhida. Ou seja, imaginaram como seria se Anne não tivesse tido um diário nos anos 40 mas antes uma câmara de vídeo para vlogs.
Anne Frank é representada por Luna Cruz Perez, uma atriz de 13 anos que adapta as cartas do diário de Anne para vídeos diários expressos por palavras próprias.
O Diário de Anne Frank em vídeo é composto por 15 episódios e todos os vídeos têm legendas em Português.
Classificação: M/12.
A Magia do Diário de Anne Frank
Combinando entrevistas emotivas e visitas a locais históricos, o documentário “A Magia do Diário de Anne Frank”, disponível na Netflix, analisa o impacto das palavras de Anne Frank sobre milhões de leitores em todo o mundo.
Classificação: M/7.
O Número no Braço do Bisavô
O Número no Braço do Bisavô é um emocionante documentário que podem encontrar na HBO.
Nele, testemunhamos uma conversa entre um menino e o seu bisavô, sobrevivente dos horrores de Auschwitz. Este diálogo vai sendo ilustrado com filmagens históricas e animações, e é uma lição de História e empatia não apenas para o neto, mas para as gerações mais novas, que, com o passar dos anos, veem o Holocausto como um acontecimento histórico cada vez mais distante.
Num momento de transição temporal, prevendo-se que em poucos anos não mais estarão vivos quaisquer sobreviventes da tragédia, documentos como “O Número no Braço do Bisavô” tornam-se ainda mais valiosos.
O Holocausto explicado às crianças: outros recursos
Museu do Holocausto do Porto
Além destes livros, filmes e documentários, sugerimos também uma visita ao Museu do Holocausto do Porto, porque existem experiências (e sentimentos) que valem mais do que quaisquer palavras contadas.
Neste Museu, podem encontram uma reprodução dos dormitórios de Auschwitz, uma sala com os nomes de todos aqueles que pereceram às mãos da crueldade nazi e um memorial da chama. Ao longo dos corredores, são orientados por uma narrativa completa de texto, fotografias e filmes reais que mostram a vida judaica antes, durante e depois do Holocausto.
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