Como explicar a morte ao meu filho? - Pumpkin.pt

O que é a morte, mãe? Como explicar a morte aos meu filho?

Como explicar o morte ao meu filho?

Há normalmente um grande receio por parte dos pais em falar da morte com os filhos, principalmente quando estes ainda são pequeninos.

Muitos acreditam que não devem abordar o tema da morte em determinadas idades, outros temem as possíveis reacções das crianças… De facto, este é um tema delicado, mais ainda quando é notícia e não um simples tópico de conversa. Este texto, de Mariana Santos Paiva, Psicóloga Clínica da Oficina de Psicologia, dá-nos dicas como explicar a morte para um filho o melhor que conseguirmos.

Mas porque é que pensamos que as crianças não são capazes de o entender?

Diariamente somos confrontados com a morte. Em cada televisão, livro, rua se ouve falar de pessoas, de animais, de plantas que morrem. Ouvimos nós adultos e ouvem as crianças que à medida que descobrem o mundo e a realidade palpável se deparam com a noção de finitude. Começam a perceber que a vida é transversal a qualquer ser vivo, assim como o é a morte e a compreender que da mesma forma que um cão adoece e morre, o mesmo poderá acontecer a um avô ou um vizinho.

É importante não tornar este assunto tabu. É mais um conceito a acrescentar aos muitos que a criança já tem e que deve ser abordado com naturalidade. Não precisamos de falar dele constantemente mas há noções que podem ser transmitidas tais como a de que a vida é um caminho, é constituída por várias fases, de que há seres vivos que nascem, crescem e morrem e objectos que se estragam com o uso que lhes damos… que vão ajudando a criança a elaborar melhor a noção de fim.

Logicamente que o nosso discurso deverá ser adequado à idade e maturidade da criança, tendo em conta a sua capacidade de compreensão. Assim sendo, até aos 2 anos esta não tem estrutura cognitiva que lhe permita entender a morte, contudo pode ter noção da ausência da pessoa/animal e procurá-lo. Muitas vezes e devido à limitada capacidade verbal se se tratar da perda de uma figura próxima poderá manifestar alterações na alimentação ou no sono que devem ser vigiadas e controladas pelo adulto.

Bebé triste

Entre os 2 e os 5 anos a morte é vista como regressiva. Há a ideia de que é possível ter várias vidas, tal como nos desenhos animados, não existindo grande separação entre a ficção e a realidade. A criança tende a transportar o imaginário para o quotidiano. A partir daí e com a entrada na escola começa a compreender o que significa a morte, tendo consciência de que é algo sem retorno e que acontece sempre que existe vida, ou seja, a qualquer pessoa.

Então e quando morre alguém quando e como é que devemos contar?

Não há propriamente um momento ou forma correcta. Tudo varia em função da criança que temos à frente, das suas características psicológicas e emocionais e do modo como esta lida habitualmente com este conceito.

Devemos estar preparados para ser questionados e esclarecer a criança o melhor que conseguirmos, para que esta não fique com ideias erradas, tendo noção de que o modo como lidamos com a situação tem influência no processo de luto que a criança fará. Não contarmos poderá levar a que a criança se sinta excluída ou perca a confiança, bem como dificultar a elaboração da perda.

Existem vários tipos de abordagem. Se há crenças religiosas poderá explicar-se à criança que a pessoa foi para o céu. Pode também ser dada uma explicação mais biológica – “os pulmões deixaram de funcionar”. Contar uma história poderá levar a que a criança se identifique com as personagens, facilitando o diálogo.

Acima de tudo é fundamental criar um espaço de partilha e de abertura a dúvidas, expectativas e receios que esta possa ter perante a perda e…

  • Não a subestimarmos pensando que pela idade que tem “não irá compreender”.
  • Termos especial atenção aos casos em que a pessoa que morreu é próxima da criança e por isso a sua ausência terá um impacto emocional maior.
  • Não darmos explicações que confundam a criança: “Ele adormeceu para sempre” (podemos estar a desenvolver medos face ao sono e ao momento de deitar).
  • Não escondermos as nossas emoções quando contamos que alguém morreu.
  • Não ocultar a causa da morte para que esta não fantasie ou crie sentimentos de culpa.

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