Espera-se que todas as crianças se tornem adultos independentes no futuro, que saibam tomar decisões e arcar com as consequências das suas escolhas.
A aprendizagem precisa de começar cedo: a autonomia na educação infantil é um aspecto fundamental para garantir o desenvolvimento saudável das crianças.
Na prática, muitas vezes, o instinto protector acaba por falar mais alto e minamos qualquer possibilidade que a criança teria de se sentir independente. Por mais que o cuidado seja realmente necessário, a superprotecção pode trazer mais prejuízos do que vantagens. Como dar mais autonomia aos nossos filhos, então? A Happy Code explica-nos!
Quais são os benefícios da autonomia na educação infantil?
O desenvolvimento da autonomia na infância colabora com uma série de aspectos importantes na evolução dos mais pequenos. Com a dose certa de independência, o crescimento torna-se mais saudável e a criança adquire aprendizagens que vão ser úteis pelo resto da vida. São muitos os aspectos positivos de uma educação infantil com mais autonomia!
Desenvolvimento cognitivo acelerado
Com um pouco de independência, uma das primeiras aprendizagens que a criança terá será, literalmente, a capacidade de pensar. Ao ser estimulada a lidar com seus problemas, ainda que sejam simples, ela terá que ponderar sobre a situação para chegar a uma solução.
Tudo isto parece acontecer de forma quase automática, mas a falta de estímulos pode dar origem a uma criança insegura e incapaz de usar o seu raciocínio, mesmo para as questões mais simples. Sendo incentivada a procurar soluções, a criança desenvolve melhor e mais rapidamente a sua cognição.
Competência social
A introversão também costuma ser uma consequência da superprotecção, o que pode gerar grandes dificuldades depois, no período da adolescência. As competências sociais são de extrema importância para a capacidade comunicacional, para a aprendizagem e para a criação de vínculos afectivos.
Uma criança que aprende a ser mais independente desenvolve melhor a sua capacidade de interagir com outras pessoas sem a intervenção dos pais. Essa competência será necessária, por exemplo, na escola, quando a criança tem de interagir com o professor e com os colegas de turma.
Inteligência emocional
A inteligência emocional na infância tem dois aspectos centrais: o primeiro é aprender a lidar com as frustrações. É neste período que os nossos filhos precisam de aprender que nem tudo acontece da forma que desejamos, e que é preciso aceitar. Os jogos, por exemplo, são uma excelente forma de ensinar à criança que nem sempre se pode ganhar.
O outro ponto fundamental é a convivência com o outro. A criança precisa de aprender a respeitar o espaço alheio, conviver com as diferenças e entender que os outros também têm as suas próprias vontades.
Como estimular a autonomia?
Garantir uma dose de independência para os filhos, sem passar dos limites, pode ser bem mais fácil do que parece. Algumas pequenas aberturas no dia a dia acabam por ter um efeito muito maior do que o esperado.
Dar à criança oportunidade de encontrar as soluções para os seus problemas
Quando a criança apresentar um problema, não lhe deem logo a solução. Reflitam com ela sobre a situação e incentivem-na a pensar sozinha sobre como solucionar a questão. Tentem influenciar a criança o mínimo possível, permitindo que ela use toda a sua criatividade.
Com o tempo, vão-se afastando aos poucos e permitam que a criança crie maturidade para pensar sozinha. É muito importante estabelecer uma relação de confiança mútua, além de lhe mostrarem que acreditam no seu potencial.
Ensiná-la a lidar com as frustrações
A criança não pode sair sempre vencedora. Muitos pais acabam por cometer esse erro com medo de decepcionar os filhos, mas é preciso que eles aprendam, o mais rapidamente possível, a lidar com as suas próprias frustrações. Como já dissemos aqui, os jogos são uma excelente ferramenta para trabalhar esse aspecto.
Outro ponto importante é ensinar a criança a reconhecer os seus erros e a não transferir a culpa para os outros.
Deixar claros o ónus e o bónus de cada pequena escolha
Cada escolha que fazemos tem seus prós e contras, e é bom que a criança aprenda isso desde muito nova, pois assim desenvolve a capacidade de tomar decisões conscientes e bem ponderadas, em vez de agir apenas pela emoção do momento.
Se a criança insiste em ficar acordada até mais tarde para ver um filme num dia de semana, por exemplo, lembrem-na de que ela terá de acordar cedo no dia seguinte, terá menos tempo de sono e, portanto, vai sentir-se mais cansada na escola. No dia seguinte, ela vai ter de lidar com as consequências da escolha que fez.
Que actividades a criança pode fazer sozinha?
Existem algumas pequenas tarefas práticas que podem ajudar a criança a se sentir mais independente e a desenvolver a autonomia de forma saudável. O ideal é permitir que ela faça a tarefa completa, começando com uma supervisão mais forte, que vai diminuindo ao longo do tempo.
Vejam alguns exemplos interessantes:
- fazer a cama;
- por a mesa;
- guardar os brinquedos;
- comer sozinho;
- escovar os dentes;
- tomar banho.
Para crianças um pouco mais velhas:
- cuidar de um animal;
- varrer a casa;
- ir à padaria (se for perto e seguro);
- arrumar o quarto;
- fazer os trabalhos da escola sem supervisão.
Como a tecnologia contribui para a autonomia na educação infantil?
A criança pode usar a internet para fazer uma pesquisa para um trabalho escolar. Ela pode usar brinquedos interactivos ou jogos de raciocínio, para as idades mais avançadas.
Existem diversas aplicações criadas para estimular o desenvolvimento motor e cognitivo das crianças em diferentes idades. Além disso, a literacia digital, por exemplo, tem metodologias voltadas para trabalhar o raciocínio lógico e a resolução de problemas de forma independente.
A tecnologia oferece inúmeras possibilidades que vão contribuir para o desenvolvimento da criança, basta que elas sejam introduzidas de forma adequada e que elas aprendam desde muito cedo a usá-las de forma consciente e responsável.
Como podem perceber, são várias as ferramentas disponíveis para desenvolver a autonomia na educação infantil, um aspecto de fundamental importância e que só traz benefícios, tanto para os pais como para as crianças.
Acho que finalmente alguém apresenta um ponto de vista equilibrado acerca do uso das tecnologias. O que mais se ouve e lê por aí é gente a falar de TV e telemóvel como se fosse uma espécie de bicho papão das criancinhas. Permitam-me só discordar em relação ao que mencionam acerca da introversão. Ela é essencialmente uma característica hereditária e transmitida também através da própria característica de introversão dos pais. É péssimo quando os pais não sabem aceitar essa característica nos filhos e forçam os seus pequenos introvertidos a agir como extrovertidos, só porque a sociedade valoriza mais os segundos. O contacto social com os pares é muito inportante para o desenvolvimento cognitivo, mas as crianças não têm de viver em bandos para isso suceder. Basta um amigo ou dois mais próximo, ao bom jeito introvertido. A introversão não é uma maldição ou uma característica má. É apenas uma característica como outra qualquer que precisa ser aceite e compreendida. Não combatida. De resto, acho todo o projecto e restante conteúdo do artigo excelentes!
Olá, Susana, muito obrigada pelas palavras e pela perspectiva muito interessante sobre os introvertidos. Aqui uma introvertida toda a vida, que se sentiu representada por esse cuidado. Boa semana!