A expressão emocional ajuda a transparecer os sentimentos sem termos que recorrer à fala, acaba por ser uma forma de comunicação. Conheça alguns meios para promover a expressão emocional com os seus filhos, que nos apresentam os Connecting Dots.
As relações humanas baseiam-se na comunicação, e a dinâmica pais e filhos não escapa a esta regra.
Os seus filhos comunicam consigo desde que nascem, mesmo que de forma rudimentar, através de birras e gritos, ou mesmo por longos silêncios. Cabe aos pais a função de ensinar a criança a nomear e diferenciar as emoções que sente, e a regular a sua expressão, de forma a adquirir a capacidade de se auto-regular.
Esta não é uma tarefa fácil, por isso desafiamo-lo a reflectir sobre situações tão comuns no dia a dia:
– “O meu filho porta-se pior em casa do que na escola ou em casa de outras pessoas”.
Verdade. E sabe porquê? Porque com os pais as crianças sentem que “têm as costas quentes”, ou seja, que os pais os amam incondicionalmente, mesmo que gritem, chorem, esperneiam e até batam.
Na escola ou com pessoas com quem não têm esta confiança, as crianças sentem necessidade de reprimir as emoções, pelo receio de que não sejam aceites. Isto significa que durante o dia estão a carregar energia que não podem expressar e que sairá na presença dos pais, em doses industriais.
Na próxima vez que a birra explodir em sua casa ao fim do dia, lembre-se que o seu filho lhe está a dizer que o ama mais do que a qualquer outra pessoa, e que precisa de si para libertar toda a energia que conteve ao longo do dia.
– “Nunca conta nada!”
Ao não falar, o seu filho está a comunicar coisas muito importantes. Pode estar a querer dizer que está com um problema, que se sente triste ou desmotivado, que duvida que os pais o consigam ajudar, ou que sente que não tem espaço e atenção para falar dos seus assuntos.
Reflita.
Crie um tempo dedicado exclusivamente ao seu filho, sem telemóveis, tablets ou televisões. Não faça perguntas insistentemente, mas deixe apenas a conversa fluir e interesse-se verdadeiramente por aquilo que interessa ao seu filho, mesmo que pareça muito menos importante e urgente do que as suas preocupações. Com o tempo, a criança ou o adolescente perceberá que tem em si um ouvinte para quem é importante.
– “Não o podemos contrariar, que faz logo uma birra!”
E a si, caro leitor, não lhe apetece gritar quando não pode fazer o que lhe apetece? Ou quando está cheio de razão e o contrariam? Pois é, com as crianças e os jovens acontece o mesmo, o que difere é a forma como aceitam, gerem e expressam a frustração.
Ficar zangado, frustrado, com raiva é um direito que assiste a todos os seres humanos. Por isso, explique às crianças que é normal ficarem zangadas, que compreende os seus motivos, e que em situações semelhantes também se sente assim. Explique-lhes também que nem sempre podemos ter o que queremos, e que à medida que crescemos vamos aprendendo a tolerar a frustração e a demonstrá-la de forma assertiva – sem gritos nem choros. Mostre-lhe como o pode fazer.
E já que estamos a reflectir sobre a forma como as crianças e jovens se expressam, e a forma como nós adultos respondemos, pondere riscar algumas frases do seu vocabulário:
– “Não chores”
Chorar é a forma que o corpo encontra de processar e metabolizar as emoções. É chorando que a dor alivia, que os lutos se fazem, e os assuntos pendentes se resolvem. Deixe os seus filhos chorarem, acompanhados por si, até que o choro se desvaneça naturalmente.
– “És feio! És mau!”
Quer mesmo que o seu filho se sinta uma má pessoa? Ou o que quer dizer-lhe é que reprova o seu comportamento, embora o ame incondicionalmente? Se é esta a sua opção, não diga à criança que ela é feia ou má, porque ela entenderá que é essa a sua opinião sobre a sua pessoa, e tenderá a sentir-se desvalorizada. E o comportamento negativo será reforçado – “se os meus pais acham que sou má, eu devo ser mesmo má e tenho que me comportar sempre como uma pessoa má”.
– “Não tens razões para estar triste ou zangado”
Ninguém se sente triste ou zangado sem uma razão, que para o próprio é sempre válida. Procure conhecer e entender os motivos da tristeza ou da raiva dos seus filhos, para que os possa ajudar a resolver as dificuldades. Não menospreze.
Este artigo foi útil para si?