Hoje sabe-se que as práticas parentais positivas são aquelas que mais contribuem para que as crianças apresentem um comportamento adequado e que contribuem para o seu bem-estar e para o seu desenvolvimento, cimentado numa boa capacidade para lidar com as suas emoções, de se relacionar de uma forma adequada com os outros e de enfrentar as dificuldades que surgem ao longo da vida. A Psicóloga Clínica Cátia Teixeira, da Oficina de Psicologia, escreveu este texto que nos orienta sobre como incentivar o bom comportamento das crianças de uma forma mais positiva, sem gritos e stresses.
Por vezes, ainda se cai no erro de, quando se ouve as palavras “práticas parentais positivas”, se achar que tal é sinónimo de se permitir que as crianças façam o que lhes apetece sem terem consequências. Nada poderia estar mais errado. Prática parental positiva significa que os pais exercem a sua função, fazendo os filhos sentirem que são especiais, que podem sentir as diferentes emoções, que podem errar, que terão que lidar com dificuldades, que os seus comportamentos provocam emoções nos outros (nem sempre agradáveis), que as suas ações têm consequências, fazendo-os sentir-se seguros e amados, independentemente do seu comportamento, sem que se sintam desvalorizados, rebaixados e sem viverem com a sensação de que têm de conquistar o amor dos pais.
Aqui ficam alguns dos princípios que regem estas “práticas positivas”:
Apresentar uma atitude de atenção positiva. Diga as coisas pela positiva na maioria do tempo que se relaciona com a criança;
Ignorar comportamentos indesejados de pouca significância, pois, por vezes, não faz mal deixar “as coisas andarem” e intervir apenas quando o comportamento é bastante desadequado;
Apresentar a desaprovação ao comportamento da criança e nunca à criança em si (“eu fico aborrecido contigo quando puxas o cabelo da tua irmã, isso é uma coisa má, porque a magoas!” em vez de “és um miúdo mau” ou pior “assim não gosto de ti!”).
Quando possível, apresentar várias opções à criança. Algumas coisas não são muito negociáveis mas outras, ao apresentar opções, está a ajudar a criança a ser autónoma e a colaborar (“Temos aqui três fichas para fazer. Vou dar-te duas para escolheres uma. Qual delas queres fazer antes do jantar?”).
Criar limites e regras, compreendendo que a criança tem o direito de ficar aborrecida por ter que os cumprir mas, ainda assim, cumpri-los.
Reforçar os bons comportamentos. Mostre que está atento quando a criança age de forma calma, educada e quando quiser ajudar os outros. Elogie os seus esforços (mesmo que o resultado não seja o ideal).
Utilizar o toque e o carinho. Em situações em que a criança aparenta estar a ficar irritada ou mesmo a perder o controlo do seu comportamento, a proximidade e o toque do adulto podem ser reconfortantes e ajudar a criança a acalmar-se.
Apoiar escutando. A comunicação aberta revela respeito pelos filhos e envolve uma partilha. Não fale apenas, escute também. Se não for a altura mais oportuna para o escutar, diga-lhe que o fará mais tarde e depois cumpra.Apoiar através da atenção individual.
Se é verdade que as atividades em família são momentos importantes para fortalecer relações, é igualmente verdade que as relações mais profundas entre pais e filhos se desenvolvem através do contacto individual. Por isso, o tempo a dois (não tem de ser muitas horas, basta 10/15 minutos e a fazer qualquer coisa simples) é essencial para desenvolver uma relação próxima com a criança.
Dar um exemplo positivo. As crianças observam os pais com atenção e reparam em tudo o que eles fazem, e por isso, quando os pais dizem uma coisa diferente daquilo que fazem, as crianças dão mais atenção às ações que às palavras.
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