Para um adolescente nem sempre é uma tarefa fácil descobrir a sua vocação, saber quem é e orientar o seu percurso escolar.
No processo de tomada de decisão, como nos lembra a Escola do Sentir neste texto, é essencial haver espaço às dúvidas e à expressão de tudo aquilo que um adolescente sente.
Está a aproximar-se a fase das escolhas académicas e profissionais – quer para o ensino secundário, quer para o ensino superior – esta é uma fase vivida por muitos adolescentes e famílias com grandes níveis de ansiedade e confusão.
Na verdade, para um adolescente com 14 – ou até mesmo com 18 anos – fazer uma escolha profissional nem sempre é tarefa fácil. Uma vez que fazer uma escolha académica ou profissional, implica muito mais do que apenas uma escolha por si só. Por isso esta torna-se, mais vezes do que todos desejaríamos, uma decisão extremamente difícil e angustiante.
Em primeiro lugar, porque é difícil descobrir a nossa vocação se não nos conhecermos a nós próprios e às nossas características. Ou seja, o processo de autoconhecimento é de extrema importância ao nível da escolha profissional.
Assim, para que um adolescente tome uma decisão precisa de ter clareza ao nível daquilo que é a sua performance cognitiva, as suas características de personalidade e os seus interesses e preferências profissionais. E a verdade é que, na maioria das vezes, os adolescentes apesar de serem ‘atirados’ para uma decisão desta natureza, ainda não têm o nível de maturidade suficiente que lhes permita esta clareza.
Em segundo lugar, muitas vezes os adolescentes têm falta de ligação à escola. Assim, por muito que um adolescente até possa ser inteligente, muitas vezes, sente-se muito pouco ligado à escola e aos conteúdos escolares para ser capaz de perceber quais é que correspondem aos seus interesses e quais é que correspondem às suas principais capacidades.
Assim, para estes adolescentes tudo aquilo que representa a escola, representa, na grande maioria das vezes, uma profissão a longo prazo aborrecida e pouco estimulante. E como podemos exigir a um adolescente que faça uma escolha académica ponderada, se não existe ligação à escola?
Em terceiro lugar, a contaminar a pouca clareza que um adolescente tem, surgem as expectativas que os adolescentes sentem que os pais têm sobre eles e, a certa altura, em vez de um adolescente ser capaz de se centrar em si próprio e em tudo aquilo que é necessário para escolher um caminho profissional, fica apenas restrito a tudo aquilo que os pais esperam dele e à forma como sente que precisa de encontrar a aprovação dos pais através do percurso académico ou profissional.
Perante tudo isto, é muito importante que nunca nos esqueçamos que quando pedimos a um adolescente para fazer uma escolha académica, essa escolha nunca representa uma simples escolha por si só.
Essa escolha exige que um adolescente seja capaz de se conhecer a si próprio, de conhecer as várias hipóteses que estão ao seu dispor e que esteja seguro de si o suficiente para conseguir pensar e processar todas as informações com a clareza necessária à tomada de decisão.
Neste sentido, é importante termos consciente que encontrar um percurso profissional que preencha um adolescente pela vida fora e que o apaixone é o primeiro passo para o seu bem-estar e para o seu sucesso, assim, é essencial que o processo de tomada de decisão seja feito com espaço para dúvidas, para que, posteriormente, se consiga ter a clareza necessária.
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