Como falar sobre a guerra com crianças? - Pumpkin.pt

Como falar sobre a guerra com crianças?

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A ocupação russa da Ucrânia e a situação em Israel estão na boca de todos, e é debatida na televisão, na rádio e entre família. Como explicar às abobrinhas o que se está a passar?

Parece impossível, de tão hediondo e de tão distante que sempre esteve do nosso imaginário, mas o mundo parece a ponto de ver uma Guerra Mundial explodir pela terceira vez.

É verdade que os conflitos bélicos nunca deixaram de existir, mas não com a dimensão internacional que vemos acontecer agora.

A NATO, os Estados Unidos da América e a Rússia, potências com influência em todo o globo, elevam os seus interesses financeiros numa guerra que vai muito além da questão do bem contra o mal.

É difícil para nós, adultos, entendermos a sua complexidade, portanto mais ainda o será para os nossos filhos. Ao mesmo tempo, a tentação enquanto pais é a de os proteger, criando uma bolha que os afasta da informação dolorosa.

Cabe-nos, enquanto família, avaliar se faz de facto sentido privá-los da verdade ou se devemos aproveitar o contexto sensível para abordar formas construtivas de resolução de conflitos.

Esta guerra que se iniciou acabará por chegar às crianças e é preferível que sejamos nós as fontes de informação mais credíveis e seguras.

Como é que podemos então falar com as crianças sem as alarmar, mas, ao mesmo tempo, fornecendo-lhes ferramentas para que melhor entendam a realidade em que crescem?

Para ajudar-vos, conversámos com vários especialistas e reunimos assim dicas da Ordem dos Psicólogos, da Inês Afonso Marques (Coordenadora da área infantojuvenil da Oficina de Psicologia) e da Magda Gomes Dias, especialista em Parentalidade Positiva.

Porque é importante falar sobre a guerra com as crianças?

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Como nos lembra a Ordem dos Psicólogos, felizmente a maior parte das nossas crianças e jovens vive em ambientes não violentos.

No entanto, isso não significa que os Pais e Educadores não devam conversar com eles/as sobre violência, conflitos violentos ou guerra.

Na realidade, as crianças e jovens, ainda que remotamente, são, desde muito cedo, expostas, directa ou indirectamente, a situações e acontecimentos violentos (por exemplo, através do que ouvem e vêem nos meios de comunicação social).

A maior parte das crianças, mesmo em idade pré-escolar, apercebe-se do que se passa à sua volta e absorve informações de conversas entre adultos ou de notícias que vêem na televisão sobre situações como a guerra. Se, para os adultos, a guerra é assustadora, para as crianças e os jovens (que, muitas vezes, nem compreendem bem o que está a acontecer), pode ser aterrorizador.

Quando as crianças/jovens vêem imagens de países em guerra na televisão, de crianças refugiadas, de pessoas feridas ou de valas comuns, podem sentir medo, dor ou confusão.

Por isso, desde muito cedo, é importante conversar com as crianças e os jovens sobre a guerra, dando-lhes informação apropriada à sua idade, capacidade de compreensão e experiências, e assegurando-lhes que se podem sentir seguras e protegidas. Saibam também como explicar a Democracia às crianças – e a sua importância.

Como falar sobre a guerra com crianças?

Concedam-lhes a iniciativa da pergunta e da dúvida

A verdade é que esta é uma excelente oportunidade para conversar em família. Falar sobre medo, confusão, certeza. E debater ideias, sempre com espaço e tolerância.

Se as crianças vos fizerem perguntas sobre o assunto, não fujam deles com a justificação de que são “coisas de adultos”.

Como sublinha Inês Afonso Marques, da Oficina de Psicologia, “mostrem-se disponíveis para ouvir a e dar resposta. Optem por tentar saber o que a criança já sabe, o que pensa sobre o assunto e o que gostaria de saber. Desta forma, têm a oportunidade de fornecer a informação que a criança precisa, não a sobrecarregando com aspetos sobre os quais não está alerta ou interessada”.

Magda completa este raciocínio: “A verdade é que a criança só questiona até onde está preparada para saber”.

Não se esqueçam, claro, de ajustar linguagem e conteúdo às necessidades da criança e ao seu nível de desenvolvimento, mas, como reforça a terapeuta por detrás do Mom’s the Boss, “contem-lhes sempre a verdade”.

Isto é ainda mais relevante para crianças com mais de 9 anos. Contextualizem e expliquem-lhes a situação com factos. Factos, não opiniões. Incentivem-nos também a procurar informação em fontes de comunicação sérias. Reforcem a importância de questionar, de validar aquilo que leem. Nem tudo o que está na internet é real.

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Evitem estereótipos

Seja qual for a nossa opinião sobre a guerra ou os países envolvidos, devemos evitar imagens e linguagem que polarizem, colocando em oposição “os bons” e “os maus”, os “do lado certo” e “os inimigos”, os “países bons” e os “países maus”.

Como sublinha a Ordem dos Psicólogos, é importante não estereotipar grupos de pessoas pela sua pertença cultural, nacionalidade ou religião – principalmente porque é muito possível que na escola as crianças tenham coleguinhas que pertencem às comunidades envolvidas neste conflito.

Por isso, esta pode ser uma oportunidade para promover a tolerância e a compaixão, o respeito por todos e pela diversidade, bem como explicar o que são preconceitos e estereótipos.

No caso das crianças mais velhas, podemos ainda ajudá-las a compreender que a guerra traz consequências – individuais e sociais – para ambos os lados. Conversar sobre a complexidade da guerra pode encorajar os jovens a serem mais empáticos e sensíveis aos diferentes pontos de vista.

Regulem as vossas emoções

Pelo menos na presença dos vossos filhos. As crianças sintonizam-se emocionalmente com os seus adultos de referência. Nesse sentido, respostas emocionais exacerbadas de extrema revolta ou de medo, da nossa parte, podem provocar bastante insegurança nas abobrinhas.

Vejam as notícias, debatam-nas de forma objectiva, mas não partilhem com as crianças as vossas ansiedades sobre o desenrolar da situação.

Validem as emoções delas

Nunca é demais dizê-lo: todas as emoções são válidas – mesmo, e principalmente, as negativas. Por isso, é muito importante não minimizar ou ridicularizar a tristeza ou o medo das nossas crianças.

A Oficina de Psicologia propõe uma resposta muito simples à manifestação dos seus terrores:

“É natural que sintas algum receio e que tenhas dúvidas. Para os adultos também é difícil encontrar respostas para a acontecimentos desta natureza.

Inês Afonso Marques.

A ideia é ajudar as crianças a encontrar formas que a ajudem desenvolver ferramentas de segurança face à realidade portuguesa, mas isso não significa não desenvolver também a capacidade de empatizar com o sofrimento de quem vive a guerra de perto.

Deixem as crianças falar sobre aquilo que sentem. No entanto, fica também o alerta de Magda: se o medo está a invadir a vossa casa de forma descontrolada, desliguem a TV. Pura e simplesmente. Consumir em loop a informação só vai criar mais pânico.

Mantenham a vossa rotina

A rotina é uma das maiores fontes de segurança na vida das crianças. Por isso, mantenham os vossos horários, as suas rotinas habituais, “filtrando a informação e as imagens a que tem acesso e mantendo as portas aos diálogo sempre abertas”.

Ao mesmo tempo, quebras nos seus comportamentos normais podem ser pistas de uma ansiedade desenvolvida à qual devemos estar atentos, como nos lembra Inês.

“Face ao impacto emocional que notícias com este tipo de conteúdos pode ter nas crianças, há possíveis mudanças comportamentais que podem surgir: dificuldade a adormecer, pesadelos, ansiedade, maior dependência do adulto, querer fugir de certos locais…”.

Já a Ordem dos Psicólogos reforça que crianças que estejam a passar por situações de violência, divórcio ou
morte de um familiar podem ter um risco ainda mais elevado de experienciar mais ansiedade e mais alterações do comportamento.

Alterações duradouras do comportamento e do sono, preocupação constante com o assunto e medo da morte, podem constituir sinais de alerta. Experimentem preencher a Checklist Como me Sinto? (sobre Crianças e Adolescentes, para Pais, Educadores e Professores). Se sentirem essa necessidade face aos resultados, é importante procurar ajuda – um Psicólogo ou Psicóloga podem ajudar.

Reforcem a sua segurança

Sobretudo as crianças mais novas interpretam o que acontece de uma forma que não tem lógica para os adultos e que lhes pode causar medos.

Como nos lembra a Ordem dos Psicólogos, as abobrinhas podem pensar que “se há uma guerra na televisão, também pode haver uma na escola” ou “se há um míssil que pode voar até lá, também podem voar até casa”. Por isso, é importante repetir-lhes que estão protegidas e seguras (e a sua família também).

Sublinhem a esperança

Esta sugestão da Ordem dos Psicólogos é muito importante e reforça a esperança em dias melhores. Lembrem, e mostrem, que existem muitas pessoas a tentar ajudar.

Mesmo em situações terríveis, como a guerra, encontramos sempre pessoas que se esforçam arduamente por ajudar os outros (políticos e diplomatas, mas também, por exemplo, médicos, enfermeiros, militares, polícias, bombeiros,
voluntários).

Sublinhar estes actos de coragem, bondade e serviço aos outros recorda às crianças e aos jovens que, apesar de existirem situações de grande adversidade e maldade, também existem sempre actos de humanidade e amor entre as pessoas. É igualmente importante enfatizar que todas as guerras acabam e que podem existir soluções não violentas
para a paz.

Aproveitem e envolvam-se nestes movimentos de ajuda. Saibam como podemos ajudar a Ucrânia.

Como responder a questões específicas sobre a guerra?

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Não precisamos de ter todas as respostas. Não precisamos de ser especialistas num assunto para ouvir o que as crianças/jovens pensam e sentem. Para além disso, pensar sobre uma situação complexa em conjunto pode ajudar as crianças mais velhas a lidar com sentimentos ambivalentes e pensamentos ambíguos.

“Isso é uma questão interessante e eu não sei a resposta. Podemos pensar nisso em conjunto. O que é que tu achas?”.

Este processo de procura e debate de ideias e informações também ajuda a demonstrar às crianças e jovens que é possível compreender o que acontece à nossa volta e encontrar soluções para os problemas. Também pode ser vantajoso dizer algo como “Eu não sei a resposta e não tenho a certeza que alguém saiba… Mas sei que muitas
pessoas no mundo estão a esforçar-se para compreender e resolver este assunto”.

Ainda assim, a Ordem dos Psicólogos sugere pistas de resposta a algumas das questões mais frequentes.

O que é a guerra?

A guerra acontece quando os países ou grupos de pessoas não concordam sobre algo importante para todos, mas usam meios violentos para lutarem uns com os outros. Pode haver guerras entre países diferentes ou guerras entre grupos de pessoas de um mesmo país. Infelizmente, sempre existiram guerras.

O nosso amigo/familiar vai morrer?

Preocupa-te que lhe aconteça alguma coisa e já não o voltemos a ver, não é? Estamos todos preocupados. Mas o nosso amigo/familiar não está sozinho e há muitas pessoas a tentar protegê-lo/a. Vamos esperar que ele/a volte para casa, em segurança, o mais rapidamente possível.

(Sobretudo se um familiar da criança/jovem está realmente em perigo, não é adequado minimizar a preocupação da criança/jovem, nem dar-lhe uma certeza – “vai ficar tudo bem” – que nós próprios não temos. É preferível reconhecer e partilhar dos seus receios.)

O avô e a avó estão bem?

Sim, os avós estão bem. Eles vivem muito longe do local onde está a acontecer a guerra. Queres ligar-lhes para falares com eles?

(É comum que crianças de todas as idades imaginem um risco imediato para os seus familiares e amigos).

Porque é que há pessoas que matam outras pessoas?

Não tenho uma resposta para essa pergunta, também não entendo.

De facto, nenhuma pessoa devia matar outra e todos devemos contribuir para que isso não aconteça.

Como podemos aproveitar a guerra para educar para a não violência e construir a paz?

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A guerra, como outras crises, e mesmo tratando-se de uma situação limite, pode ser abordada no sentido de se procurarem oportunidades de aprendizagem e crescimento.

Podemos, por exemplo, educar para a não violência, ajudando as crianças/jovens a interiorizar a ideia de que os problemas e os conflitos podem ser resolvidos de forma pacífica e ajudando-os a aprender como fazê-lo. Espreitem as sugestões da Ordem dos Psicólogos, abaixo.

Mostrar empatia

As crianças e os jovens aprendem a respeitar, a perguntar e a interessar-se pela perspectiva do outro, observando-nos a fazê-lo.

Ajudar a identificar e a expressar a raiva e a zanga

A violência tem frequentemente, na sua raiz, emoções como a raiva e a zanga.

Por isso, é importante ajudarmos as crianças e os jovens a reconhecer essas emoções (o que se passa no nosso corpo, o que pensamos, como nos sentimos quando estamos zangados) e a compreender que são naturais e comuns a todos os seres humanos.

Mas também, a identificar formas de lidar com elas (por exemplo, respirar profundamente, ir dar uma corrida, falar com alguém sobre o que nos deixou zangados/as) e evitar que se revelem em comportamentos agressivos.

Enunciar expectativas específicas acerca da relação com os outros

Não basta dizer “porta-te bem na escola”, é importante especificar e dizer, por exemplo, “respeita os teus colegas, mesmo que eles tenham uma opinião diferente da tua”.

Mostrar que é possível corrigir e reparar os nossos erros

Quando as crianças/jovens realizam acções que prejudicam outra pessoa, é importante conversarmos com ela, ajudando-a a assumir a sua responsabilidade, a pedir desculpa e a perceber como pode reparar o dano que causou (“o que é que podes dizer ou fazer para ajudar a/o tua/teu amigo/a a sentir-se melhor?”).

Demonstrar os passos necessários para resolver um problema

Às vezes, no desejo de os proteger, tentamos resolver os problemas da crianças e jovens, por eles, oferecendo soluções rápidas. No entanto, é mais útil quando as ajudamos a aprender e a seguir passos importantes:

  • identificar o problema (fazendo questões simples que ajudem a definir o problema);
  • avaliar diferentes soluções possíveis (encorajando a pensar no maior número de soluções possíveis, nas vantagens e desvantagens de cada uma);
  • experimentar uma solução (recordando que se a solução escolhida, porventura, não resultar, existem outras);
  • avaliar o resultado (ajudando a pensar sobre o grau de satisfação e as consequências da opção escolhida).

Valorizar os esforços e as competências de não violência

É importante reconhecer e valorizar os esforços das crianças e jovens para resolverem conflitos ou problemas sem recurso à violência, para expressarem as suas emoções de forma saudável, para compreenderem e ajudarem os outros.

É importante falar com as crianças e jovens sobre os esforços que nós, enquanto comunidades e sociedades, podemos envidar para promover e construir diálogos, pontes, justiça e paz.

Livros infantis que explicam a guerra

Contar uma história que começa com “é uma vez… uma guerra” em vez de “era uma vez”, muito lá atrás, é uma tarefa dolorosa, mas que pode ser facilitada pela palavra de quem com elas cura (quase) tudo.

Reunimos alguns livros que se passam em contexto de conflito e que podem ajudar as crianças a entender melhor a guerra, a vida de crianças refugiadas, e a semear nas nossas abobrinhas a urgência de um mundo melhor.

O Vencedor

o vencedor

O Vencedor” é um livro que dispensa as palavras para narrar o confronto entre duas personagens que se desafiam numa crescente demonstração de poder.

Dois homens, um de cada lado da dupla página, enfrentam-se fazendo uso de acessórios cada vez mais prestigiantes e militaristas: cartola e bengala contra uniforme e bandeira, cavalo contra dragão, etc.

Armas que acentuam o medo e rivalidade crescentes num despique com um final surpreendente.

E o vencedor é…

O Muro no Meio do Livro

o muro no meio do livro

O Muro no Meio do Livro” é, supostamente, para proteger um lado do livro do outro lado. Supostamente.

Uma metáfora com uma clara mensagem política sobre a divisão das nações e a construção de muros. Uma história simples e inteligente, com ilustrações fabulosas que provoca a discussão de temas fundamentais.

Migrantes

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Migrantes, refugiados, deslocados. Órfãos e viúvas, filhas e pais. Naufragados? Resgatados? Apátridas, desaparecidos, ilegais. Campos e montanhas, rios e correntes, mares e muros. Êxodo, guerra, terror. Fome. Crise? Pacto? Direitos humanos? Silêncio.

Migrantes” é um livro silencioso e um poema ilustrado. Onde a coragem e a esperança são a jangada; onde a empatia e o amor são a nossa salvação.

Refugiados e Migrantes

refugiados emigrantes

Por vezes, as crianças ouvem palavras nas notícias que não entendem e que as deixam preocupadas. Com ilustrações lindíssimas e uma linguagem acessível, “Refugiados e Migrantes” procura responder às suas perguntas e oferecer soluções encorajadoras.

Ajude os seus filhos a entender o que significa ser refugiado ou pedir asilo, as razões que podem levar alguém a ter de deixar tudo para trás e, em especial, as dificuldades que as crianças deslocadas sentem ao chegar ao seu país anfitrião.

Migrando

migrando

Migrando” é uma história sem palavras sobre mudança e aventura. Dedicado aos que deixaram a sua terra para re-existirem noutro lugar, este livro de imagens poéticas mostra como a palavra migrante pode ser sinónimo de sofrimento e fragilidade, mas também de coragem e futuro.

Um livro habitado pelo oceano, que separa e une terras e destinos. Um livro de duas capas e todas as histórias que o leitor queira inventar. Uma história contada sem palavras, ilustrada pela artista argentina Mariana C. Mateos. Temática da emigração, justiça social e direitos humanos.

Diário de um Migrante

Esta é a história de um pássaro que tem de abandonar o seu país, a sua casa, família e amigos.

Diário de um Migrante” é um livro que deixa uma mensagem de esperança parar todos aqueles que também perderam as suas asas e têm de recomeçar.

A Guerra

Nasce como doença sussurrada e cresce a partir do ódio, da ambição e do medo. Não ouve, não vê, tão-pouco sente; mas esmaga e cala. “A Guerra” é, porventura, o mais perene produto em série alguma vez inventado.

Num mundo armadilhado como nunca antes, este poema ilustrado de José Jorge Letria e André Letria é como um archote que se lança sobre a memória adormecida. Recomendado pelo PNL para crianças a partir dos 9 anos.

Mustafa

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“Há noites em que o Mustafa sonha com o país onde vivia. São sonhos cheios de fumo e de fogo e de estrondos. A mãe garante que aquela Lua é a mesma lua que viam no seu país.”

Recomendado pelo Plano Nacional de Leitura, e da conhecida e laureada autora e ilustradora Marie-Louise Gay, chega-nos uma história delicada e bem pensada acerca do que é preciso para nos sentirmos em casa.

A experiência deste menino que vai viver para outro país, onde se tenta integrar, sendo que a língua de comunicação lhe é estranha, facilita a exploração das noções de discriminação e de inclusão, promovendo o sentido cívico, a cidadania e a solidariedade, e elevando os sentimentos de empatia e de amizade.

História Verdadeira e Triste de Seis Homens que Procuravam a Paz

História Verdadeira e Triste de Seis Homens que Procuravam a Paz” é um livro fundamental para as crianças perceberem o mundo.

David McKee, aborda, neste livro, um tema complexo e incontornável para miúdos e graúdos: a guerra. História verdadeira e triste de seis homens que procuravam a paz, é uma obra-prima que expõe com rara beleza e simplicidade o absurdo de uma realidade que acompanha a Humanidade desde que o Homem é Homem.

O Barco das Crianças

De manhã, ao preparar-se para ir para a escola, Fonchito vê um homem sentado num banco do parque, contemplando o mar.

Intrigado, por vê-lo ali a cada manhã, decide ir ao seu encontro para lhe perguntar o que procura ele, sempre sentado no mesmo banco. O velhinho, com um sorriso nos lábios, decide partilhar com Fonchito uma história muito antiga e extraordinária.

E todos os dias, antes de o autocarro da escola chegar, Fonchito passa a ouvir um novo capítulo das aventuras de O Barco das Crianças, que, desde a época das Cruzadas, navega nos mares do mundo.

Para crianças e adultos de todas as idades.

Capitão Rosalie

Corre o ano de 1917. Rosalie é uma menina de cinco anos e meio. O pai está longe, em combate, e a mãe trabalha na fábrica de armamento da aldeia. Rosalie passa o dia na escola dos rapazes crescidos. É a menina em quem nem sequer reparam. Mas ela tem um plano secreto e um dia vai receber uma medalha.

Capitão Rosalie” conta a história de uma menina e da sua missão nos últimos anos da Grande Guerra. Aqui, ilustração e texto complementam-se numa poesia visual impressionante. Um primeiro livro ideal para leitura acompanhada.

Daqui ninguém Passa

“Havia um general que queria ser herói de uma história.

Ora, para alguém se tornar herói de uma história é preciso enfrentar os perigos com coragem, ousar fazer o que acha que está certo. Por exemplo. Porque há muitos outros exemplos.

Porém, o general desta história achava que o caminho mais rápido para ser herói era aparecer dentro de um livro. Mesmo sem fazer nada de especial.

O general tinha um exército de guardas que seguia as suas ordens sem pestanejar. Todas as ordens, fossem elas quais fossem.

Então, um dia, o general tomou uma resolução. Absurda, claro…”

Daqui Ninguém Passa” apresenta mais uma surpresa para os leitores. Desta vez, os autores criaram uma história que se debruça sobre o lado esquerdo e direito de um livro, fazendo estacar os leitores junto à linha de fronteira que divide as duas páginas. E agora? Se ninguém pode passar para a página da direita, o que irá acontecer a esta história?

Discórdia

Discórdia” é uma narrativa visual sobre a polarização de opiniões no mundo actual e a necessidade de criar pontes de entendimento que nos ajudem a viver em comunidade.

Tudo começa com uma pequena divergência, que sobe de tom numa escalada ensurdecedora, arrastando partidários intransigentes de ambos os lados, até se tornar uma disputa insanável em que não há argumentos que resistam.

Ganha quem grita mais alto ou será que perdem todos?

A Viagem

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Como será deixar tudo para trás e percorrer quilómetros e quilómetros rumo a um destino longínquo e estranho?

Este livro conta, de forma cuidada e sensível, a história de uma mãe que parte numa viagem com os dois filhos para fugir à guerra. Uma viagem carregada de medo do desconhecido, mas também de muita esperança.

A Viagem” é um livro apoiado pelo Alto Comissariado para as Migrações (ACM) e pela Amnistia Internacional (AI) que aborda com sensibilidade a questão da guerra.

Eu e o meu Medo

eu e o meu medo

Quando uma menina muda de país e entra para uma escola nova, o seu medo tenta convencê-la a ficar sozinha e assustada. Como pode ela fazer amigos, se não entende o que as pessoas dizem? De certeza que mais ninguém se sente assim…

Depois da obra-prima “A Viagem”, que alcançou um enorme sucesso, Francesca Sanna conta-nos, com a delicadeza habitual, como podemos encontrar amizade e conforto quando partilhamos os nossos medos.

Eu e o meu Medo” é um livro com um excelente cuidado gráfico, que aborda uma questão difícil com muita sensibilidade.

Livros juvenis que explicam a guerra

Querido Mundo

querido mundo

Quando Bana Alabed, uma menina de oito anos, acedeu ao Twitter para descrever os horrores da guerra na Síria, onde ela e a família viviam, as suas mensagens angustiantes emocionaram o mundo e deram voz a milhões de crianças inocentes.

A infância feliz de Bana foi subitamente interrompida pela guerra civil no país, quando tinha apenas três anos. Ao longo dos quatro anos seguintes, ela testemunhou diariamente os efeitos de bombardeamentos, a destruição e o medo. Esta aterradora experiência culminou no violento cerco de Aleppo em que Bana, os pais e os dois irmãos mais novos ficaram encurralados, com escasso acesso a alimentos, água, medicamentos e outros bens essenciais.

Perante a permanente ameaça de morte causada pelas bombas implacáveis que caíam perto deles – uma delas destruiu por completo a casa onde habitavam -, Bana e a família não tiveram alternativa senão tentar deixar o cenário de violência em Aleppo e procurar, apesar de todos os riscos, um plano de evacuação para a Turquia.

Escrito com as próprias palavras de Bana e incluindo cartas comoventes de Fatemah, sua mãe, Querido Mundo não é apenas um relato absorvente de uma família num país em guerra – é também um olhar único e pungente de uma criança sobre uma das maiores crises de sempre da Humanidade.

Bana perdeu a sua melhor amiga, a escola que frequentava, o lar e a sua terra natal. Mas não perdeu a esperança – para ela e para todas as crianças do mundo que são vítimas e refugiadas de guerra e que merecem uma vida melhor.

Para pais lerem com os filhos.

Um Dia / A Seguir / Depois / Em Breve / Talvez / Agora

Há épocas e acontecimentos que não podem ser esquecidos. O aclamado e multipremiado escritor britânico Morris Gleitzman é autor de uma série essencial sobre a vida de um órfão judeu durante a II Guerra Mundial.

Um Dia“, o primeiro volume da coleção, apresenta-nos Felix Salinger, cuja vida não é nada fácil. Ele é judeu e vive num orfanato na Polónia dos anos 40, em plena Segunda Guerra Mundial. Felix gosta de ler, escrever e contar histórias. Até que um dia, decide fugir para procurar os pais.

A determinação, inteligência e imaginação de Felix vão ajudá-lo a lidar com situações muito difíceis, no meio de nazis e cidadãos apavorados, e a encontrar pessoas maravilhosas, como a pequena Zelda e o velho Barney.

Contada na primeira pessoa, por uma criança cheia de sonhos e muito inocente, esta emocionante história aborda a infância, a solidariedade, a amizade, a coragem e a esperança no meio do drama da guerra.

Toda a coleção aqui:

Nevoeiro em Agosto

nevoeiro em agosto

Na Alemanha nazi de 1933, um menino de 4 anos de etnia cigana é separado da sua família nómada e enviado para um orfanato.

Após anos a saltar de instituição em instituição, impedido de conviver com a família e sem o afeto dos pais, o comportamento de Ernest é considerado incorrigível e o rapaz, já com 12 anos, é enviado para um hospital psiquiátrico.

É aí que irá descobrir, pela primeira vez, a amizade e o amor, mas é também o momento em que começa a desconfiar do que realmente acontece naquele hospital. Pacientes que, como ele, estão de perfeita saúde física e mental, têm estranhos e repentinos encontros com doenças misteriosas – ou desaparecem.

Contada através da perspetiva do jovem Ernst, “Nevoeiro em Agosto” é a história trágica, mas verdadeira, da sua breve vida e da sua luta pela verdade e pela liberdade. Um relato de coragem e amizade no cenário desesperante de guerra e ódio que varreu a Europa durante a segunda guerra mundial.

A Guerra que Salvou a minha Vida

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Vencedor do John Newberry Medal Honor Book, o mais importante prémio de literatura infantojuvenil norte-americano, “A Guerra que Salvou a minha Vida” é um livro emocionante e arrebatador para ler com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos.

Tudo o que Ada conhece do mundo é o pouco que consegue ver a partir da janela. Sempre viveu com a mãe e o irmão mais novo num apartamento minúsculo, de onde está proibida de sair. Ada apenas teve a infelicidade de nascer com um pé aleijado, mas isso é mais do que motivo para a mãe se envergonhar dela, maltratando-a e escondendo-a.

Com a aproximação da guerra, todas as crianças de Londres são enviadas para um campo fora da cidade, e Ada aproveita a oportunidade para fugir com o irmão. Os dois são acolhidos por uma família que os ama incondicionalmente, sem distinções nem preconceitos, e Ada pode finalmente aprender a ler, a escrever e a montar a cavalo.

Pela primeira vez na vida, faz amigos e percebe o verdadeiro significado da palavra felicidade. Mas tudo pode ser posto em causa quando o passado volta para pôr Ada novamente à prova. Imperdível e obrigatória, esta é a história das inúmeras batalhas que temos de travar para conquistarmos o nosso lugar no mundo.

Para jovens adultos.

O País das Laranjas

Em “O País das Laranjas“, e com apenas 10 anos, Martha parte para Portugal com o irmão Peter. Estamos em 1949 e a fome e o frio fazem parte do seu quotidiano, já que a Áustria, a sua terra-natal, é ainda um país destruído pela Segunda Guerra Mundial.

Chegados a Lisboa, os dois são inesperadamente separados e Martha vai viver para a Covilhã, no seio de uma família abastada que a recebe com todo o amor e um conforto que nunca antes experimentou.

Martha irá viver dias inesquecíveis, que ficarão para sempre guardados nas memórias da sua infância. Mas não poderá separar estes tempos de felicidade das recordações da guerra que traz consigo, das saudades do irmão e da mãe, da tristeza por não se lembrar das feições do pai e ainda de algumas peripécias que acontecem na casa onde agora vive.

Quando o regresso à Áustria se aproxima, Martha vê-se obrigada a pensar em quem é realmente e a que lugar quer pertencer.

Para crianças com mais de 10 anos.

O Rapaz do Caixote de Madeira

rapaz caixote madeira

Leon Leyson tinha apenas dez anos quando os nazis invadiram a Polónia em 1939 e a sua família foi forçada a viver no gueto de Cracóvia.

Neste seu livro de memórias, Leon começa por nos descrever uma infância feliz, na sua aldeia natal e felizmente para a família, o seu caminho cruzar-se-ia com o de Oskar Schindler que os incluiu na célebre lista dos trabalhadores da sua fábrica. Na altura com apenas 13 anos, Leon era tão pequeno que tinha de subir para cima de um caixote de madeira para chegar aos comandos das máquinas.

Ao longo desta história, que reproduz com autenticidade o ponto de vista de uma criança, Leon Leyson deixa-nos entrever, no meio do horror que todos os dias enfrentavam, a coragem, a astúcia e o amor que foram necessários para poderem sobreviver.

O Rapaz do Caixote de Madeira” é uma extraordinária lição sobre os mais nobres valores humanos recomendada para crianças a partir dos 10 anos.

Quando Hitler roubou o Coelho Cor-de-Rosa

hitler roubou coelho cor de rosa

Quando Hitler Roubou o Coelho Cor-de-Rosa” é uma das obras mais lidas por jovens de todo o mundo. Considerada um clássico da literatura juvenil, e inspirada na vida da própria autora, fala-nos da Segunda Guerra Mundial numa nova perspetiva e até com algum humor.

Vive-se o ano de 1933. Anna tem apenas nove anos e anda demasiado ocupada com a escola e com os amigos para reparar nos cartazes políticos espalhados pela cidade de Berlim com a suástica nazi e a fotografia de Adolf Hitler, o homem que muito em breve mudaria a face da Europa. Ser judeu, pensa ela, é apenas algo que somos porque os nossos pais e avós são judeus.

Mas um dia o pai dela desaparece inexplicavelmente. E, pouco tempo depois, ela e o irmão, Max, são levados pela mãe com todo o sigilo para fora da Alemanha, deixando para trás a sua casa, os amigos e os amados brinquedos. Reunida na Suíça, a família de Anna embarca numa aventura que vai durar anos.

O Rapaz Escondido

o rapaz escondido

Ahmed fugiu da guerra, embarcando numa perigosa viagem da Síria até à Europa. Apesar de perder o pai nesta dura jornada, mantém a esperança de encontrar uma vida melhor em Bruxelas, a cidade que agora o acolhe. Mas depressa percebe como é difícil sobreviver sozinho, e acaba por se esconder secretamente na cave de Max.

Max é um rapaz americano que se mudou recentemente com a família para a capital belga. Também ele se sente sozinho no mundo e com saudades do seu país. Descontente com a realidade em que agora vive, Max procura novos desafios e aventuras.

Quando os caminhos estes dois rapazes se cruzam, nasce uma amizade inesperada e secreta. Juntos, desafiando todas as regras, preconceitos e convenções, iniciam uma luta heroica e reencontram a esperança e a coragem para mudarem os seus destinos.

O Rapaz Escondido” é um livro baseado nas experiências reais da autora. Um tributo à resiliência, à amizade e aos heróis que encontramos diariamente no nosso caminho.

A História de Erika

Para crianças a partir dos 10 anos, “A História de Erika” é a história comovente e chocante de uma sobrevivente do maior genocídio do século XX.

Com este álbum, a Kalandraka pretende consciencializar os seus leitores mais jovens. Publicado em vários países, este livro foi selecionado na Alemanha como um dos sete melhores livros de 2004 e a revista de literatura infantojuvenil Eselsohr classificou-o como Livro Destacado.

O Rapaz ao Fundo da Sala

o rapaz ao fundo da sala

O Rapaz ao Fundo da Sala” é uma história memorável e premiada, que salienta a importância da amizade e da bondade num mundo tantas vezes intolerante e sem sentido.

Há um colega novo na turma. Ele senta-se sempre na última fila, mas não fala com ninguém nem olha para ninguém. Este rapaz enigmático e misterioso não sorri. O seu nome é Ahmet.

Intrigados, quatro meninos muito especiais tentam fazer amizade com ele e conhecer a sua história. Descobrem que o Ahmet é um rapaz refugiado que foi separado da família. Ele teve de abandonar o seu país para fugir à guerra.

Uma vez que nenhum adulto consegue ajudar o Ahmet a reencontrar a família, o quarteto de amigos elabora um plano audaz — nada mais do que A Melhor Ideia do Mundo — que os levará numa aventura extraordinária envolvendo a própria Rainha de Inglaterra!

Pax

pax

O Peter e o Pax são inseparáveis. Desde que o Peter resgatou o pequeno raposinho, os dois tornaram-se parte um do outro, vivendo grandes aventuras e momentos inesquecíveis.

Mas o inimaginável acontece: o pai do Peter parte para a frente de combate, o rapaz tem de ir viver com o avô e, contra a vontade do Peter, o Pax é «libertado» na floresta. “Pax” é uma narrativa maravilhosa e mágica sobre as verdades essenciais que nos definem.

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