“Kubo e as Duas Cordas” é uma promessa sobre o amor.
Um filme de várias dimensões – melancólica, divertida e humana – que comoverá toda a família. A Pumpkin já viu aquele que é considerado um sério candidato ao Oscar de animação deste ano e avisa: comprem pipocas e preparem os sorrisos, mas não se esqueçam dos lencinhos! É quase garantido que vão precisar.
Num Japão místico, onde uma figura de macaco esculpida em madeira ganha vida, e onde um rapaz conta histórias através de origamis que voam graças à música de um instrumento mágico, é no poder da lealdade e das lembranças felizes que esta história se engrandece.
Kubo vive numa falésia com a mãe, a quem a memória e a força fogem dia após dia, para renascerem quando o sol pousa por detrás do mar. A noite é, na vida de Kubo, um factor decisivo, uma característica intrínseca de quem é – como o olho que lhe falta, como a ausência do pai que morreu para o salvar. Kubo está proibido pela mãe de se manter na rua após o toque que anuncia a chegada do escuro.
O menino, de onze anos, sabe que corre perigo: as suas tias gémeas, que se alimentam da escuridão, querem, a mando do avô de Kubo (todas as famílias têm membros destes!), roubar-lhe o olho que lhe resta, e cegá-lo assim para a beleza da humanidade. Só o poderão encontrar se Kubo se distrair e deixar que a noite se ponha.
Kubo ganha a vida a contar histórias na sua aldeia. Todos o ouvem: crianças e velhos. A história de Kubo começa sempre da mesma maneira, com uma frase que arrepia até quem o ouve através de uma tela de cinema. “Querem pestanejar, façam-no agora. Prestem muita atenção a tudo o que vêem, por mais estranho que vos possa parecer. Se olharem para o lado, mesmo que por um instante, então o nosso herói morrerá”.
Aquilo que Kubo não sabe é que a história que conta é mesmo real, e é sua. Talvez por isso nunca chegue ao fim que os aldeões tanto anseiam: faltava vivê-la. E, apesar de todas as precauções da mãe de Kubo, com uma distracção chega o momento de Kubo enfrentar a sua história e o seu passado e de poder desvendar assim os segredos da sua família.
Parece um drama, mas não é. Que “Kubo e as Duas Cordas” é um filme com uma atmosfera melancólica, não há como o negar. Em algumas cenas, a intensidade pode roçar o terror e assustar os mais novos – esse é um detalhe a ter em conta. A maldade é retratada com a crueza que é pedida: ela existe e não vale a pena mascará-la. Ainda assim, é também uma história pintalgada de momentos de humor, quase sempre pela voz de um guerreiro samurai que é metade homem e metade besouro, e cuja ajuda valiosa leva Kubo a encontrar as respostas a todas as suas dúvidas e anseios.
Há um momento, na recta final do filme, em que o medo de estarmos perante um cliché nos invade. Felizmente, Kubo, o filme, mantém-se fiel a si mesmo, descontruindo a ideia do “felizes para sempre”. A morte e a perda existem e a nossa vontade não é, infelizmente, superior a essa realidade.
A narrativa de Kubo podia ser óbvia: um rapaz com poderes sobrenaturais que, na companhia e com a protecção de uma macaca, um soldado de papel e de um insecto gigante, enfrenta uma jornada em busca das diferentes peças que compõem a antiga armadura do seu pai, o maior samurai que alguma vez existiu. O objectivo? Simples. Derrotar o mal.
No entanto, a narrativa principal descontrói-se em tantas outras, enriquecendo o filme de mensagens e de lições sobre a morte, o perdão, o respeito pelo nosso passado e pelos antepassados, e, sobretudo, sobre a força que as nossas memórias podem ter. As duas cordas através das quais tudo se mantém firme.
“Kubo e as Duas Cordas” é uma animação a slow motion belíssima, com detalhes encantadores (em alguns planos, é possível perceber o material com que os bonecos são feitos) e com uma banda sonora a condizer, que a Pumpkin recomenda vivamente!
(Ah! Não se vão embora assim que o filme acabar e estejam atentos aos créditos… Quem vos avisa, vosso amigo é!)
Para aguçar a curiosidade, deixamo-vos o trailer de “Kubo e as Duas Cordas”:
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