Dêem tempo às crianças... para serem crianças!
A tecnologia veio, sem dúvida, revolucionar o tempo, a comunicação em família, a educação e o desenvolvimento das nossas crianças. Esta ferramenta para muitas crianças tornou-se o “urso de peluche” preferido dos dias de hoje e tem, como em tudo, pontos positivos e negativos. Beatriz Pereira diz-nos quais, e dá-nos dicas para equilibrar a utilização da tecnologia pelas crianças.
A tecnologia permite dar a conhecer realidades diferentes num ápice, ajuda realmente a distrair a criança quando há tarefas acumuladas, pode até dizer-se que desenvolve a motricidade fina com tanto deslize e com tanta precisão que é preciso ter para manusear os aparelhos ou apanhar os ícones no Candy Crush…Mas valerá isto tudo a pena?
Não será a exploração e a vivência com a realidade um maior promotor da aquisição de novos conceitos e realidades?
Não serão mais importantes os saltos, as corridas e o pensamento estratégico no brincar às escondidas do que os saltos, as corridas e os truques para jogar Sonic, por exemplo?
Não será melhor colorir, brincar com plasticina, vestir bonecas ou arrumar garragens do que estar sentado a ver vídeos no youtube? Sei lá, pergunto-me eu! Digam-se se estiver errada…
A tecnologia tem pontos positivos. Não posso dizer que não, no entanto, tudo tem o seu tempo. E o desenvolvimento do cérebro da criança depende de sabermos dar tempo ao tempo.
Desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social das crianças.
Brincar livremente, correr, sujar-se na lama, ler histórias, construir puzzles, jogar em família, cantarolar são atividades promotoras do desenvolvimento.
São estas atividades que os levam a conhecer o seu corpo, distinguindo-se como pessoa individual e única;
São estas atividades que os levam a desenvolver a memória, a atenção, o seu sentido de improviso e desenrasque que é também preciso;
São estas atividades que as ajudam a aprender a aceitar o outro como é, a respeitá-lo mas também a fazer-se respeitar pelo diálogo e pela capacidade em saber partilhar e colaborar;
São estas atividades que lhes permitirão saber quem são, o que fazem, o que sentem e como podem ser, estar, fazer e sentir;
São estas atividades que lhes ensinarão a saber expressar os seus medos, as suas alegrias, as suas tristezas frustrações.
Estas sim são atividades que deixam as crianças serem crianças; as atividades que dão tempo aos tempos do cérebro que se vai desenvolvendo cada vez mais, quanto mais experiências vividas a criança tem.
Dicas para que a criança retome ao antigo urso de peluche
– Imponham limites na utilização das tecnologias.
– Evitem estar o tempo todo em tecnologias por casa. Não se esqueçam que as crianças querem sempre reproduzir o que observam!
– Tenham momentos de família com jogos, histórias, passeios e atividades.
Não se esqueçam de dar tempo às crianças para serem crianças. Mais tarde, logo aprenderão sobre tecnologias… tal como nós, já crescidos.
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