Os jogos que todos pensamos ter apenas determinada funcionalidade, afinal podem até ser muito interessantes para desenvolver outras competências, que ajudam as nossas crianças.
O Sei – Centro de Desenvolvimento e Aprendizagem partilha connosco algumas ideias, lembrando que existem um sem número de outras hipóteses. Basta ser criativos!
Jogo da Memória
Quem não se lembra do tradicional jogo da memória, em que o objetivo é conseguirmos memorizar e encontrar os pares? Pois bem, nós sugerimos outras ideias.
Porque não utilizar o jogo da memória para trabalhar a consciência fonológica com o seu filho? Se pensar no jogo com esse objetivo, dar-se-á conta de que a criança ao nomear as imagens, poderá dizer-lhe, por exemplo, quais as sílabas que constituem essa palavra (segmentação silábica), quais os sons que constituem as diferentes sílabas (segmentação fonémica) ou até mesmo, que letras fazem parte dessa palavra (identificação do nome das letras).
E se pedir ao seu filho para colocar os pares de imagens que formou por ordem alfabética? Estará a desenvolver o principio da sequência alfabética. Além destas competências, este é um jogo que desenvolve ainda a capacidade de atenção/concentração.
Jogo do Loto
Lembra-se do Loto? De jogar com os avós, e da palavra Bingo que nos traz tão boas recordações?
Este jogo poderá ajudar o seu filho a trabalhar algumas das competências-base ao nível do Raciocínio Lógico-Matemático. O objetivo principal do jogo é fazer corresponder o número que sai do saco aos números que temos nos nossos cartões.
Mas e se utilizarmos esses mesmos números para desenvolver com os nossos filhos a noção de dezena e unidade? O número 89 tem oito dezenas e 9 unidades, algo tão simples que podemos desenvolver enquanto jogamos um jogo que até os nossos avós conhecem. Outro exemplo poderá ser a de trabalhar a noção de maior e menor – saiu-me o número 18, mas antes tinha saído o número 25, qual será o maior?
Construção de Legos
E os tradicionais legos que os nossos filhos tanto adoram? Que tal aproveitarmos para fazer algo mais que um simples encaixe de várias peças?
Podemos trabalhar a consciência da cor, pedindo aos nossos filhos que construam determinada figura com determinada cor. E se construirmos determinada figura e pedirmos para a criança construir uma figura igual? Estará a desenvolver a perceção e a organização visuo-espacial.
Mas e se o seu filho construir uma imagem sem os pais verem e tiver de ser ele a explicar oralmente qual a melhor forma para que os pais consigam construir uma imagem semelhante à dele? Nesse caso, o seu filho estará a desenvolver a linguagem oral e as noções espaciais (cima/baixo ou direita/esquerda).
Jogo do UNO
Quem ainda não jogou UNO numa tarde de praia? Sabia que com esse jogo podemos trabalhar não só as noções de maior e menor, mas também podemos introduzir dinheiro e substituir o valor das cartas por moedas ou notas?
Além de desenvolvermos a noção de dinheiro, simultaneamente, podemos trabalhar as operações de adição e subtração. Imaginemos que tiramos uma carta do baralho e nos sai o número 8. Existem diferentes formas de recebermos 8 euros em dinheiro, como por exemplo, uma nota de 5 euros e 3 moedas de um euro, uma nota de 5 euros com uma moeda de 2 e outra de 1 euro, poderá até ser apenas em moedas.
O importante é ir desenvolvendo esta consciência de que o mesmo valor pode aparecer de diferentes formas e todas elas poderão estar corretas.
Taboo
Sabia que com este jogo pode desenvolver a consciência corporal sempre que tiver de fazer mímica para representar determinada palavra? E se pensarmos em categorias? Um gato pertence à categoria dos animais, mas um avião já pertence à categoria dos meios de transporte.
Se quisermos aprofundar mais um pouco, um gato fará parte da categoria dos animais domésticos, já o avião, será um meio de transporte aéreo. Podemos utilizar este jogo também para desenvolvimento do vocabulário, uma vez que existem muitas palavras que os seus filhos ainda desconhecem o significado.
Agora é ir ao sótão buscar os jogos que encontrar e em família recriarem diferentes formas, lúdicas e pedagógicas, de desenvolver competências tão importantes como a consciência fonológica, o raciocínio lógico-matemático, a organização visuo-espacial ou a atenção, entre outras.
A educação e o desenvolvimento das crianças não passa apenas por momentos de aprendizagens formais e tradicionais, tendencialmente escolarizadas. É fundamental que também nós, adultos, sejamos capazes de ir mais longe, pensar além do que é expectável, inovar, surpreender e ajudar os nossos filhos/sobrinhos/netos, através dos momentos de brincadeira que temos com eles.
Na realidade, o importante é pensar em diferentes objetivos consoante a competência-alvo que queremos desenvolver e mediatizar os jogos com base nesse foco.
Boa Sorte!
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