Está comprovado por diversos estudos que as famílias que brincam mais, são mais felizes. Nove em cada dez famílias que brincam cinco ou mais horas por semana afirmam sentir-se felizes.
Em 2018 a LEGO desenvolveu um estudo, intitulado de LEGO Play Well, cujo objetivo é perceber qual a importância de brincar em família, seja para os pais, seja para os filhos e os resultados foram impressionantes.
Brincar torna as famílias mais felizes, mais coesas e menos stressadas. Esta é a principal conclusão do Play Well da LEGO. No entanto, mais de um terço das famílias inquiridas (38%) afirma ter dificuldade na conjugação dos horários de pais com os das crianças para que haja tempo para a brincadeira.
De acordo com os dados obtido no LEGO Play Well, as horas passadas na brincadeira e a felicidade das famílias manifestaram ter uma ligação diretamente proporcional. Quer isto dizer que, quanto mais horas as famílias brincam, mais felizes se sentem, e o inverso também acontece – quanto menos brincam, menos felizes estão. Traduzido em números, isto significa que 9 em cada 10 famílias que brincam cinco ou mais horas semanais afirmam sentir-se felizes, contrabalançando com as 7 em cada 10 que brincam menos horas por semana.
Entre o trabalho e a casa, o fazer jantar, lavar a loiça e preparar tudo para o dia seguinte o tempo escassa e nem sempre sobra muito para os miúdos. Por esse motivo, 10% das famílias que participaram no estudo afirmaram ter menos de duas horas semanas para brincar com os filhos.
A brincadeira e as distrações
Foto: Njfamily
Contudo, mesmo nas famílias que afirmam ter disponibilidade para brincar com as crianças, 61% admite que, nesse período de brincadeira com os filhos, se distraem com outras coisas, como trabalho, tarefas domésticas ou telemóveis. Mas, também aqui as crianças têm um papel preponderante. Uma em cada 5 crianças diz estar demasiado ocupada para brincar, e, por outro lado, 4 em cada 5 revelam que gostariam que os pais tivessem mais tempo para brincar com eles.
Tal como no estudo IKEA Play Report, em 2015, também neste estudo conduzido pela LEGO, os pais e os filhos concordaram que brincar é importante para a vida em família.
Da brincadeira de rua para a brincadeira virtual
Foto: Jessica Lewis (Unsplash)
A investigação, promovida por uma das marcas de brinquedos mais prestigiada do mundo, relata uma mudança geracional na forma como, hoje em dia, se brinca, o que leva a um aumento das preocupações dos pais. Essas inquietações parentais dizem essencialmente respeito à segurança e à sociabilização do mundo digital, onde se incluem temas como a segurança online (88% dos pais colocam em causa este ponto) e uma diminuição das crianças racionalizarem o seu próprio pensamento por si próprias, sem influências dos demais (receio de cerca de 70% dos pais).
Contudo, o estudo revela que “a próxima geração está a ensinar-nos a abraçar as oportunidades únicas que a tecnologia nos traz”.
De acordo com os dados obtidos pela LEGO, “o aumento da integração do digital não prejudica o brincar em conjunto, uma vez que a maioria das crianças (81%) prefere brincar com os pais do que sozinhas e 72% prefere brincar presencialmente com os amigos a jogar online”.
Ainda que preocupados, os pais mostraram, neste estudo, sinais de querer adotar o mindset dos filhos, sendo que mais de metade (59%) acredita que a tecnologia também pode juntar a família e mais de 75% crê que as brincadeiras digitais também podem ser criativas e estimulantes.
O estudo LEGO Play Well, afirma que “as crianças são as pioneiras de um novo tipo de brincar mais fluído, entrando naturalmente em brincadeiras que juntam o mundo real, o imaginário e o digital”, o que para eles é aquilo que para muitos pais é o novo significado de brincar.
A Dra. Elena Hoicka, professora de Psicologia na Educação na Universidade de Bristol, explica:
“Enquanto muitos pais sentem que a preferência das crianças pelo digital está a interferir com as atividades mais típicas, que muitos julgam melhores, a verdade é que não têm de ser mutuamente exclusivas. Mais do que as gerações anteriores, as crianças de hoje vêm o mundo real e o digital como parte de um grande e interligado espaço de brincadeiras. Para tirar melhor partido do tempo que têm em conjunto, os pais devem também adotar este mindset.”
O poder de brincar
Foto: Pragyan Bezbaruah (Pexels)
O brincar e a aprendizagem andam de mãos dadas e disso nem os pais têm dúvidas. Quase todos (95%) acreditam que brincar é essencial para o bem-estar das crianças e vital enquanto ferramenta na educação. Para além disso, 82% dos pais acreditam que crianças que mais brincam serão mais bem-sucedidas no seu percurso escolar e profissional.
Foi possível ainda perceber que os pais classificam as brincadeiras lúdicas como a técnica educacional número um (76%), aparecendo em segundo lugar a leitura de livros (67%), em terceiro a aprendizagem na sala de aula (55%), só depois a interação com os amigos (65%) e, por último, os recursos que a internet lhes proporciona (22%).
As crianças vêm confirmar a tese dos seus pais: quatro em cinco das crianças (83%) concordam que aprendem melhor quando envolve brincar.
Tal como no estudo IKEA Play Report, em 2015, também neste estudo conduzido pela LEGO, os pais e os filhos concordaram que brincar é importante para a vida em família e traz benefícios a ambas as partes. Os pais declaram que brincar é bom para o seu bem-estar (91%) e felicidade (72%) e que, inclusivamente, se sentem mais relaxados (86%) e ligados aos filhos (64%). Também praticamente todas as crianças inquiridas disseram que brincar as faz sentir felizes (93%) e as ajuda a relaxar depois de um longo dia de atividades na escola (87%).
Inspirado nos resultados obtidos, o estudo sugere ainda dez princípios para inspirar as famílias a brincar mais.
Sobre o estudo:
As conclusões deste estudo foram obtidas através da recolha de dados de um inquérito online de 20 minutos feito em nove países, entre Fevereiro e Março de 2018, e que contou com a participação de cerca de 9000 pais de crianças com idades entre o ano e meio e os 12 anos e cerca de 3700 crianças num intervalo de idades entre os 5 e os 12 anos.
Considerações Finais
A autora do estudo, Jessica Joelle Alexander, diz:
“Brincar em conjunto é fundamental para a vida das famílias, tanto para as crianças como para os pais. Mas o estilo de vida moderno é cada vez mais ocupado e com muita ênfase numa educação formal e atividades estruturadas, tornando cada vez mais fácil esquecermo-nos de brincar. Tendo em conta os efeitos positivos que tem no bem-estar e na felicidade, brincar em família devia ser o “trabalho de casa” mais importante de todos.”
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