Este mês, vamos embarcar numa fantástica viagem através da vida na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva, ao longo da qual celebraremos a sua diversidade e ficaremos a conhecer as mais incríveis e inesperadas histórias sobre o mundo vivo!
Gostavam de viajar pelo espaço? Explorar uma mina? Mergulhar no oceano? Então venham daí, temos Ciência todo o ano!
Todos os meses vamos conhecer diferentes temas com a colaboração dos Centros Ciência Viva.
Celebrar a diversidade da vida na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva!
Um espaço original no coração do histórico Jardim Botânico do Porto, onde a arte se cruza com a ciência e a literatura, a Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva convida-nos a celebrar a vida e a desvendar a sua exuberância.
Sabiam que partilhamos o planeta com pelo menos 9 milhões de outras espécies? E que destas apenas conhecemos cerca de 2 milhões?
Sabiam que existem mais de 300 raças de cães e que se estima que a nível mundial mais de metade das famílias tenham um cão?
Sabiam que na Ásia existe uma pequena rã com menos de 10 cm que consegue saltar até 15 m de distância? E que há peixes com pulmões que conseguem respirar fora de água?
Começamos pela árvore da vida
A viagem começa assim que passamos o portão do Jardim Botânico do Porto e nos deparamos com A árvore da vida.
Esta escultura, produzida à imagem da árvore filogenética publicada em 2003 pelos investigadores David M. Hillis, Derrick Zwickl, and Robin Gutell, da Universidade do Texas, EUA, convida-nos a encontrar a espécie a que pertencemos no meio de mais de três mil outras espécies de animais, plantas, fungos e bactérias.
Mais do que percebermos o lugar que ocupamos na imensa rede de vida, podemos também perceber as relações que se estabelecem com os nossos vizinhos no nosso belo e único planeta azul. O que têm em comum um cogumelo, uma camélia e um coelho? No módulo interativo que se associa à escultura da A árvore da vida podemos descobrir a resposta a esta e a outras perguntas.
Uma baleia dentro de casa
Em 1984 foi publicado o livro Histórias da Terra e do Mar. Nele, mais concretamente no conto Saga, Sophia de Mello Breyner Andresen conta a história da chegada à cidade do Porto de um marinheiro dinamarquês, que aqui encontra um palácio tão, tão grande que nele caberia uma baleia!
Saído, literalmente, das páginas deste conto, o enorme esqueleto de baleia que hoje nos saúda, suspenso, no átrio central da Casa Andresen, o edifício onde está instalada a Galeria da Biodiversidade, que em tempos foi dos Avós da escritora, torna realidade a ficção.
Com os seus 15 metros de comprimento, o esqueleto do exemplar de baleia-azul juvenil que, em 1937 deu à costa na Praia do Paraíso, no Porto, e que hoje faz parte da coleção histórica do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto é um símbolo de esperança que nos deslumbra com a beleza e grandiosidade do animal que representa, mas que ao mesmo tempo nos chama a atenção para a responsabilidade que temos em preservar o nosso planeta, a nossa casa comum.
Podemos saber mais sobre a baleia da Galeria da Biodiversidade no vídeo A História de um Sonho:
Esta é uma mensagem importante, que vamos encontrar ao longo da nossa viagem na Galeria da Biodiversidade: somos, como todos os outros seres vivos, alvos da evolução biológica que modela a diversidade da vida, mas ao mesmo tempo, somos também agentes de mudança, responsáveis por proteger o ambiente e toda essa diversidade.
Porque é que devemos preservar a biodiversidade?
Os dados mais recentes apontam para que existam cerca de 2,4 milhões de espécies em risco de extinção devido a atividades humanas. Poluição, caça e pesca desregradas, destruição de habitats e alterações climáticas têm vindo a levar ao desaparecimento de inúmeras espécies. Cabe-nos a nós interromper este processo, preservando a natureza. E garantindo a nossa própria sobrevivência.
Venham descobrir na Galeria da Biodiversidade porque devemos preservá-la!
A natureza é bela e só por isso merece ser preservada!
Ovos há muitos e na Galeria da Biodiversidade encontramos uma belíssima coleção de ovos organizados segundo o seu tamanho, cor e forma.
O que surgiu primeiro? O ovo ou a galinha? E porque é que os ovos das aves que nidificam em terra têm um formato mais ovoide enquanto que os ovos dos animais que os põem em meio aquático são mais arredondados?
Qual é o maior ovo de que há registo? E porque é que alguns ovos são pardos e outros brilhantes?
Estas são algumas das perguntas a que poderemos dar resposta depois de uma visita à Galeria da Biodiversidade.
A história do lobo bom (afinal, sem o lobo, não teríamos o nosso melhor amigo)
Na maioria das histórias que conhecemos, o lobo é sempre o mau da fita: a fazer da avozinha do Capuchinho Vermelho jantar ou a deitar abaixo as casas de dois dos Três Porquinhos.
Na verdade, sabemos que este predador desempenha um papel essencial nos ecossistemas de que faz parte, tendo sido também a partir dele que inventámos todas as raças de cães que hoje conhecemos. Pois é: sem o lobo, não teríamos o nosso melhor amigo.
Na Galeria da Biodiversidade, podemos conhecer melhor o processo de domesticação do cão, que começou há cerca de 14 mil anos, quando as populações humanas ainda eram caçadores-recolectores.
Vamos conhecer as mais de 300 raças que cães que hoje existem e perceber como, para além dos cientistas que estudam este processo e também a relação do lobo com o ser humano, também os artistas se inspiram nestes animais para produzir lindíssimas obras de arte a que não conseguimos ficar indiferentes.
Na base do mercado global está… A biodiversidade!
Hoje em dia, se queremos preparar uma saborosa refeição, podemos ir ao supermercado comprar todos os ingredientes.
No entanto, até chegarem ao nosso prato, as plantas que comemos fizeram normalmente grandes viagens.
Algumas destas viagens aconteceram há centenas (ou milhares!) de anos, quando foram transportadas dos seus locais de origem e trazidas para a Europa. É, por exemplo, o caso do milho, do feijão e da batata, originários da América Central e do Sul, ou do arroz e da beringela, originários da Ásia.
Sabiam que antes de haver batata em Portugal, era a castanha o acompanhamento preferencial das nossas refeições?
Desde sempre, movidos pela curiosidade e pelo espanto que o sabor e as propriedades das plantas suscitam, botânicos, naturalistas, amadores, e comerciantes transportam-nas para outros locais, onde, por vezes, passam a ser produzidas de forma regular. Mas esta dispersão nem sempre corre bem: a produção intensiva de plantas resulta na perda das variedades locais e, por vezes, a introdução de plantas exóticas, que se tornam invasoras, coloca a biodiversidade local em risco.
Na Galeria da Biodiversidade podemos conhecer melhor a história da globalização das plantas!
A cura está na natureza
Sabiam que cerca de 80% de todos os antibióticos que existem foram preparados a partir de princípios ativos recolhidos a partir de bactérias que existem no solo?
É a partir da observação cuidadosa e estudo da natureza que identificamos substâncias que depois isolamos, purificamos, replicamos, modificamos e aplicamos no desenvolvimento de compostos terapêuticos usados no tratamento de muitas patologias.
Estas substâncias podem ser produzidas por bactérias, fungos, plantas ou mesmo animais! Por isso, podemos dizer que é na natureza – e na biodiversidade, em particular – que reside a solução terapêutica para uma série de problemas que às vezes ainda nem conhecemos! Ou seja, ao destruir a natureza, estamos a perder a oportunidade de ter acesso a estes ingredientes preciosos para garantir a nossa saúde.
A seleção natural, artificial e sexual
Já ouviram falar na sobrevivência dos mais aptos, certo? O grande chavão da teoria da evolução por seleção natural cunhada pelo naturalista Charles Darwin.
Mas o que significa exatamente ser o mais apto? É ser o mais forte? O maior? O mais rápido? Nada disso… Ser o mais apto significa apenas ser aquele que está mais bem adaptado a um determinado ambiente num determinado momento, num mundo em constante mudança.
A chave para a sobrevivência de uma espécie reside na diversidade. Se não existir diversidade, basta uma ligeira alteração das condições ambientais para que uma determinada população pereça, por muito bem adaptada que estivesse às condições anteriores. Este é um risco real, que se aplica mesmo quando domesticamos espécies para consumo humano ou para produção animal.
Ao inventarmos organismos altamente especializados (como por exemplo, variedades de milho resistentes a pragas, à seca ou a elevados níveis de salinidade, que conseguem crescer em ambientes normalmente desfavoráveis), conseguimos aumentar a produção.
No entanto, esta eficiência fica comprometida quando as condições se alteram, como tem vindo a acontecer cada vez mais no contexto das alterações climáticas em que vivemos.
Na Galeria da Biodiversidade, podemos encontrar vários exemplos de seleção natural, artificial e também sexual.
Podemos viajar até à época da revolução industrial no Reino Unido e perceber como a população de traça-da-bétula “mudou de cor” quando a poluição atmosférica escureceu os troncos das bétulas em que vivia.
Na Galeria da Biodiversidade podemos também conhecer o antepassado do milho, e o seu parente selvagem moderno, que ainda hoje encontramos numa visita ao México, e perceber como modificámos esta planta ao longo do tempo.
E podemos ainda descobrir de onde vem o verbo “pavonear-se” e qual o seu significado, descobrindo a forma como, por vezes, a sobrevivência de uma espécie depende da reprodução e da forma como esta consegue passar os seus genes para a descendência.
A vida de todas as cores, formas e tamanhos
Sabemos que a vida existe em todas as cores, formas, feitios e tamanhos.
Na Galeria da Biodiversidade podemos saber mais sobre a origem e a diversidade de cores, explorando as árvores do Jardim Botânico e percebendo que o verde se desdobra em infinitos verdes!
Podemos também conhecer as oito formas básicas que existem na natureza: percebendo como o hexágono compacta, a onda move, o fractal coloniza o espaço, a hélice agarra, a esfera protege, a catenária suporta, o ângulo trespassa e a espiral armazena. E podemos deslumbrar-nos a escutar o coração de uma baleia-azul, o maior mamífero do nosso planeta, e o coração de um pequeno musaranho, o menor mamífero que conhecemos.
Sabiam que o coração de uma baleia-azul bate cerca de 10 vezes por minutos? Parece muito pouco, não parece? Mas se pensarmos no seu tamanho e no seu lento metabolismo, faz sentido.
Na verdade, estudos recentes mostram que quando as baleias mergulham, o seu batimento cardíaco pode reduzir-se ainda mais: até umas impressionantes duas batidas por minuto.
Este gigantes, que podem atingir mais de 30 metros e viver mais de 100 anos, são sem dúvida animais com um grande coração!
Mas então o que acontece no caso dos menores mamíferos que existem? – os musaranhos, que de tão pequenos que são, se incluem num grupo que os biólogos designam de “micromamíferos”?
Pois bem, o coração de um musaranho bate a um impressionante ritmo de cerca de 900 batidas por minuto! Os minúsculos musaranhos, com os seus 5 a 7 cm de comprimento, são animais com um metabolismo muito elevado, que normalmente não vivem mais do que dois anos.
Na Galeria da Biodiversidade encontramos algumas pistas para perceber estes fenómenos.
Charles Darwin e o Coelho de Porto Santo
Sabem o que tem em comum o naturalista Charles Darwin e a ilha de Porto Santo, na Madeira?
Numa época em que, mesmo sem existir e-mail ou Whatsapp, os naturalistas se correspondiam intensamente à escala mundial, trocando mensagens e espécimes alvo de estudo, Charles Darwin teve acesso a exemplares de coelho-de-porto-santo.
Ao examinar os animais percebeu que eram mais pequenos e claros do que os coelhos europeus que conhecia, com orelhas menores e com hábitos essencialmente noturnos.
Perante estas evidências pensou que esta poderia ser a prova experimental para a sua teoria da evolução: uma nova espécie de coelho, que teria, desde a altura em que a ilha de Porto Santo foi colonizada, três séculos antes (no séc. XVI), estado a acumular diferenças em relação ao seu parente europeu, e a evoluir, a especiar, isto é, a tornar-se numa nova espécie.
Mais tarde, tendo verificado que estes coelhos eram capazes de se reproduzir com os coelhos europeus existentes no jardim zoológico de Londres, dando origem a descendentes férteis, apercebeu-se de que não estaria perante uma nova espécie.
Entretanto, com recurso a estudos genéticos e moleculares, os investigadores da Universidade do Porto já verificaram que o coelho de Porto Santo pertence à espécie de coelho existente no sul da Europa.
Na Galeria da Biodiversidade podemos aprender mais sobre a história dos coelhos, que pertencem ao mesmo grupo das lebres – os lagomorfos – que, ao contrário do que muita gente pensa, não são roedores, e, ao mesmo tempo, perceber o papel que o fator tempo desempenha na evolução das espécies.
O mundo dentro de um museu e dentro de nós mesmos, na Galeria da Biodiversidade
Já alguma vez ouviram falar nos gabinetes de curiosidades? São esses espaços repletos de impressionantes coleções de objetos, que ganharam expressão nos séc. XVIII e XIX, que estão na origem dos museus modernos.
Na Galeria da Biodiversidade, podemos visitar um gabinete de curiosidades moderno, que serve de cenário e inspiração à representação de algumas das mais relevantes rotas de navegação, viagens naturalistas, rotas de migração e rotas de domesticação de animais e plantas.
Conhecem a borboleta-monarca? Sabiam que este delicado inseto realiza uma das mais impressionantes migrações de que há registo, voando, de setembro a novembro, ao longo de mais de 4 mil km, desde os Estados Unidos e Canadá, onde se reproduz, até ao México, onde passa o inverno? Impressionante, não? E esta é apenas uma das histórias que aqui podemos encontrar!
Então e nós? Uma componente inevitável da biodiversidade diz respeito à diversidade humana, uma de nossas mais preciosas características. Para além de atuar na nossa configuração biológica, a evolução reflete-se também a um nível cultural.
A diversidade que hoje caracteriza a nossa linguagem, hábitos alimentares, a música que produzimos e apreciamos, todas as outras formas de expressão artística, a literatura, entre muitas outras atividades que desenvolvemos, é impulsionada pela nossa mobilidade e capacidade de comunicação.
Hoje, somos cidadãos globais e a interação que se estabelece entre diferentes culturas, enriquece-nos, dotando-nos da capacidade de perceber melhor a realidade em nosso redor.
Na Galeria da Biodiversidade, somos convidados a comemorar e a valorizar esta diversidade!
Atividades para todas as idades na Galeria da Biodiversidade
Para além da visita à sua exposição permanente e às exposições temporárias que regularmente acolhe, a Galeria da Biodiversidade promove de forma sistemática um conjunto diversificado de atividades práticas para todas as idades. Desde passeios através da verdura do Jardim Botânico até espetáculos de teatro por baixo do esqueleto de baleia, há sempre muito para fazer neste Centro Ciência Viva!
Desde passeios através da verdura do Jardim Botânico até espetáculos de teatro por baixo do esqueleto de baleia, há sempre muito para fazer neste Centro Ciência Viva!
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Informações úteis sobre a Galeria da Biodiversidade do Porto
Horário de funcionamento da Galeria da Biodiversidade do Porto
- 10h00 às 13h00 e 14h00 às 18h00 (Última entrada: 17h30)
- Encerra à segunda-feira, nos dias 24, 25 e 31 de Dezembro e no dia 1 de Janeiro.
Preços da Galeria da Biodiversidade do Porto
- Confirmem os horários e preços disponível aqui.
Entrada gratuita
- Crianças até aos 4 anos (exceto grupos)
- Utilizadores do cartão Circuitos Ciência Viva
- Estudantes de universidades europeias
- Professores e jornalistas (em exercício profissional)
- Acompanhantes de pessoas com mobilidade reduzida ou invisuais
- Segundo domingo de cada mês – 10h00 – 13h00
Como chegar à Galeria da Biodiversidade do Porto?
A Galeria está localizada no Porto, perto do Jardim Botânico.
A morada é a seguinte:
Rua do Campo Alegre 1191, 4150-181 Porto.
Autocarros:
Paragem Casa das Artes: 200, 204, 207.
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