A moda foi lançada por algumas figuras públicas, mas existe alguma prova científica de que comer a placenta é benéfico para a mãe e para o bebé?
Dizem que sabe a fígado. Que repõe os níveis de ferro perdidos pela mulher durante a gestação e o parto. Que melhora a disposição. Que combate a depressão pós-parto. Que pode ser consumida em cápsulas, em batidos ou até cortando-a em pedaços e mastigando. A grande questão que se coloca é: comer a placenta traz de facto algum benefício à mãe (ou ao bebé)?
O que é a placenta?
A placenta é um órgão formado durante a gestação e que promove entre a mãe e o feto, garantindo as condições ideais para o desenvolvimento do bebé.
Este órgão presente na classe dos mamíferos vivíparos – como nós! – tem como função facilitar a troca de substâncias (oxigénio, nutrientes, gases e secreções) na gravidez, assumindo temporariamente as funções de órgãos como os pulmões, o intestino, o rim e o fígado.
Normalmente, a placenta está fixada na parede superior do útero até ao nascimento do bebé.
A origem do hábito de comer a placenta
A placenta é um dos subprodutos do parto e, na maioria dos casos, é descartada após o nascimento do bebé.
No entanto, é um órgão reverenciado em muitas culturas e, nos últimos anos, foram várias as notícias que davam conta de uma nova moda: a de algumas famosas que, após darem à luz, decidiram consumir a sua placenta.
Kim Kardashian e Hilary Duff são algumas das personalidades que já ingeriram a placenta por acreditarem que previne a depressão pós-parto. No entanto, as opiniões fundamentadas e científicas divergem em relação aos riscos associados.
Há vantagens em comer a placenta?
Os benefícios da placentofagia, precisamente o ato de consumir a placenta, ainda não são sustentados por estudos coletivos, estando baseados em alegações individuais.
Segundo a revista Saúde, a pesquisadora Sharon Young, da Nevada University, realizou uma experiência com um grupo de voluntárias, na qual metade das participantes recebeu suplementos feitos a partir da sua placenta desidratada, enquanto a outra metade ingeriu cápsulas de carne vermelha desidratada.
As conclusões foram duas e não trouxeram grandes respostas ao debate: se é verdade que os comprimidos feitos a partir da placenta humana continham cerca de sete vezes mais ferro do que as de origem animal, também o é que a absorção do mineral por parte dos dois grupos não teve uma diferença significativa.
Ou seja, de um lado temos os estudos, inconclusivos, e do outro, o depoimento de mulheres que decidiram abraçar a prática, e que relatam experiências positivas. Não havendo contra-indicações conhecidas, é acima de tudo uma escolha individual – ainda que faça sentido conversar com o médico assistente para ouvir as suas recomendações.
Uma coisa é certa: de forma a evitar riscos desnecessários, já que se discute a possibilidade de a placenta conter bactérias e vírus, o seu consumo não deve acontecer sem cozedura prévia.
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