E têm mau-feitio?
Eduardo Sá é psicólogo clínico, psicanalista, professor e escritor – e uma voz poderosa na quebra de tantas ideias pré-concebidas sobre felicidade, famílias, educação e amor. Partilhamos um texto seu sobre os bebés. São ou não são uns anjinhos?
Os bebés são muito, muito atentos. São sensíveis. E são (inacreditavelmente) intuitivos. Sabem ler os olhos da mãe. E, através deles, lêem-lhe o coração, a cabeça e a alma. E, para além do mais, por estarem tão habituados a serem “primeiras figuras” na atenção da mãe, são uns mimados! E é tanto assim que, quando elas os deixam por um bocadinho, eles ressentem-se e amuam.
A mãe, depois de uma escapadela, numa fugida, até à rua, ao regressar não tem, regra geral, um bebé com o olhar cheio de luz à espera dela. Um bebé focado nos olhos da mãe, à procura de um sinal para que – então, sim – ele respire fundo, dê às pernas com intensidade, mexa os braços de forma expressiva, se movimente como quem lhe dá um abraço para que, de seguida, ria para ela. Nada disso!
Quando a mãe regressa, o bebé foge do olhar dela. Ignora-a. E “castiga-a” com alguma indiferença. Por alguns minutos. Como se lhe dissesse: “Atenção! Mães que amam não abandonam. Sim?!…”.
Eu gosto dos bebés “senhores do seu nariz”. Daqueles que não andam a “espalhar charme” e a distribuir sorrisos, mesmo quando se sentem melindrados. Os bebés saudáveis têm “muita” personalidade. Reagem “sentidos”. E com um bocadinho de raiva. O que só acontece quando a mãe tem, nas costas, (mesmo quando não dá conta) um carimbo do Instituto Português da Qualidade. Mais ou menos assim: “Mãe bondosa. À prova de mau humor, de birras e de amuos”.
Deve uma mãe aceitar os ressentimentos de um bebé? Só deve! Porque essas manifestações ajudam um bebé a perceber que quem tem colo e aceita arrufos e “raivinhas” é uma mãe, digamos assim, dum outro… nível.
Os bebés saudáveis nunca são uma linha de água. Nunca são sempre “bonzinhos”. Não estão risonhos e prontos para a conversa, a todas as horas. Até porque a vida dos bebés também “tem dias”. E nem sempre só porque se é bebé as coisas correm como eles mais querem.
Os bebés bem dispostos fazem, sempre que é preciso, um “chega para lá”. Que, com tradução simultânea, quer dizer: “Se aceitares o meu mau-feitio, então sim, passo a ter a certeza que tu não és uma mãe de porcelana. E sobes na minha consideração.”
Por outras palavras, bebés que não protestam podem estar entre o assustado e o tristonho. Acontece. O que é importante é que uma mãe descubra que com mais um bocadinho de colo e um comentário (quase indiferente…) do género ”Quem é o bebé mais lindo da sua mãe?…” os arrufos, quando são precisos, não tardam a chegar.
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