O uso da chupeta é um tema polémico na sociedade atual – quem seja adepto, também há que seja contra a sua utilização. Quando chega a altura de largar a chucha, conheça estratégias eficazes para apoiar o seu filho nesse processo.
Há quem seja adepto, também há que seja contra a sua utilização. Conceição Pereira, do blog Amor d’3ducação partilha connosco a sua perspetiva sobre as chupetas e dá-nos estratégias para ajudar as crianças a deixar a chucha.
Inúmeros estudos comprovam que o uso inadequado ou prolongado da chupeta interfere no desenvolvimento da criança, principalmente ao nível do aparelho orofacial e consequentemente na aquisição da fala).
São vários os efeitos negativos do uso da chucha, mas a verdade é que, por questões sociais, familiares ou culturais, a chucha é uma aliada da grande maioria dos pais.
Aliás, hoje em dia já faz parte do enxoval do bebé, várias chuchas de diferentes formas, cores e marcas (há quem ache muita piada!).
Como se não chegasse, inventaram uma fitas para que chucha e criança estejam sempre juntos… e nós recorremos a tudo e mais um bocadinho sem pensar no depois. Damos esta opção, mas há um dia em que queremos tirar!
Sendo um hábito introduzido precocemente torna-se difícil a sua anulação dois ou três anos depois. Tendo em conta esta complexidade e o seu impacto no bem-estar emocional da criança é necessário preparar a criança para que este processo decorra dentro da normalidade.
Há muito quem ache que se é para tirar tem que ser de vez e custe o que custar. Desculpem, mas não posso concordar. Este processo pode ser gradual e bem integrado no psíquico da criança, se existir uma preparação correta e acima de tudo se acontecer no tempo certo.
Porque já passei por este processo 2 vezes como mãe e umas boas dezenas como educadora, estou perfeitamente à vontade para aconselhar e partilhar o que funciona na prática (a teoria por si só não é suficiente).
Chegada a altura de retirar a chucha, a criança deverá ser preparada e apoiada nesta fase tão importante do seu desenvolvimento. Cada criança é única e mesmo entre irmãos as experiência podem ser muito diferentes.
Deixar a chucha envolve uma perda de uma objeto de consolo e a capacidade de auto-regulação, portanto deve ser um processo gradual e uma vez iniciado não deve ser interrompido (coerência e consistência), pelo que é importante existirem estratégias bem definidas.
É fundamental a disponibilidade física e emocional, de todos os adultos que com ela convivem (escola/casa), devendo estes atuar em sintonia.
Aqui ficam algumas estratégias para a criança deixar a chucha:
Tratar o tema com naturalidade
Não fazer dele o centro da vida da criança é a abordagem mais adequada.
Limitar o uso da chucha em momentos do dia, reduzindo o nº de horas de utilização
Esta prática envolve o não transportar a ou as chuchas para todo o lado. Sim, porque há quem tenha uma em cada divisão da casa, no carro, na escola… nem quero ver!
Não utilizar métodos radicais
Que métodos radicais? Colocar produtos na chucha, cortá-la, atirá-la pela janela.
No entanto, se a chucha estiver estragada ou em risco de romper não compre outra, pois essa opção confunde a criança (quer que eu deixe a chucha e compra uma nova?).
Introduzir histórias ou desenhos animados educativos sobre o tema
Isto ajudará a criança a antecipar, compreender e modelar comportamentos.
Incentivar a criança a usar a chucha só em casa
Diga-lhe que, assim, é garantido que a chucha não se perde. Permita o uso apenas à noite.
Tirar a chucha quando a criança adormecer
Explique-lhe que irá fazê-lo, mas que vai deixar a chucha ficar junto à almofada, caso precise.
Combinar com a criança um dia oficial para deixar, de vez, a chucha
Pode ser um aniversário, nas férias, fazendo uma viagem. Assinale o momento com algo especial.
Utilizar simbolismo para a criança deixar a chucha
Deixar na árvore ou na arca das chuchas, entregar ao Pai Natal ou enviar para a fada das chuchas, vale tudo no mundo da fantasia!
Reforçar o contacto físico e disponibilidade para a hora de deitar
Pela falta da chucha a criança tende a demorar mais a adormecer (não se assuste, são só uns dias).
Oferecer alternativas
Quando a criança chora porque quer a chucha, distraia-a com outras atividades ou brinquedos. É uma técnica que, no momento certo funciona.
as crianças são persistentes para nos deixar de rastos, sejam firmes e criativos! A existência de um boneco preferido pode facilitar.
Elogiar cada conquista
Elogie com amor e recompense com momentos e brincadeiras de uma criança crescida. Evite a recompensa material.
Deixar a criança descobrir como é viver sem chucha
E apoiá-la incondicionalmente nesta maravilhosa aventura!
Também Rui Brasil, que é psicólogo, escreve o blog Em Nome do Pai e tem uma filha, partilhou connosco algumas estratégias para a criança deixar a chucha com tranquilidade:
– Deixar a chucha na árvore das chuchas e ir visitá-la sempre que se sentir saudades;
– Deixar a chucha num local de fácil acesso para a criança ter a sensação de que a tem disponível se precisar (tal como muitos fumadores em processo de deixarem de fumar fazem com o maço de cigarros) e dar-lhe essa sensação de controlo (dando reforço positivo sempre que conseguir gerir situações de stress sem recorrer a ela mas não a penalizando se tiver que recorrer).
– Negociar o uso da chucha apenas à noite como um momento especial e de cumplicidade quase secreta, combinar uma “palavra secreta” para quando se precisa da chucha que só deve ser usada em s.o.s como se se partilhasse um código ou, seja, trazer o lúdico para esta fase.
– O pediatra da minha filha sugeriu algo muito divertido do ponto de vista simbólico: oferecer à chucha uma caminha feita de caixa de fósforos, com um lençolzinho feito de tecido e uma almofada mini, de forma à chucha poder descansar depois de uma noite de árdua trabalho enquanto a pequena dormia. Assim, sempre que a Ana acordava era altura da chucha ir dormir e trocarem de turno.
Retirar a chucha de forma impositiva e à força é errado e pode levar à substituição por outros “vícios” como roer as unhas os chuchar nos dedos da mão.
Por isso, não temos pela chucha uma relação de adversidade e de inimizade. A chucha foi introduzida por nós, que serviu para acalmar e dar segurança à nossa filha durante muito tempo. Cabe-nos a nós ajudá-la a encontrar outros recursos próprios para ter esta mesma sensação securizante e dispensar a velha amiga. Sem dramas, sem stresses, sem pressas. Com paciência e amor.
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Impato? Meu Deus, ao que a língua portuguesa chegou!
Corrigido Manuel!