7 razões para levar um bebé a um concerto (a sério!) - Pumpkin.pt

7 razões para levar um bebé a um concerto (a sério!)

(Fotografia: Joaquim Dâmaso)

Fomos conversar com Paulo Lameiro, o maestro por detrás dos mágicos “Concertos para Bebés” que há quase 25 anos, em Portugal e lá por fora, proporcionam momentos inesquecíveis a toda a família.

Paulo Lameiro é um apaixonado pela arte das coisas pequenas – cresceu numa aldeia em Leiria, com o canto dos pássaros a ressoar-lhe próximo da alma – mas também pelo outro, enquanto objeto fraterno de aprendizagem e troca. Tem um ritmo afinado também na fala, e não consegue, provavelmente não quer, fugir desse cantar.

Quem cruza caminhos consigo consegue rapidamente perceber o fascínio que provocam os “Concertos para Bebés”, um dos vários projetos por si liderados. É que o maestro expressa-se com entusiasmo, na voz e nos gestos, e esse sentimento torna-se rapidamente comum.

Foi por isso muito fácil para a Pumpkin embalar-se pelo fervor da partilha, abraçar o ensinamento nada pretensioso de quem oferece aquilo que de melhor tem, e transpô-lo para o momento do palco, onde há já quase 25 anos Paulo Lameiro, com a sua Musicalmente, traduz às crianças a magia do belo.

Dessa conversa conseguimos reunir uma lista de motivos pelos quais devem espreitar já a agenda dos Concertos para Bebés… e marcar o vosso primeiro concerto em família!

Por que devem os pais levar os seus bebés a Concertos?

(Fotografia: Joaquim Dâmaso)

1. Porque o primeiro sentido que desenvolvemos é o da audição

“Nós, enquanto seres humanos, utilizamos parâmetros musicais, de sequência e ritmo, para comunicarmos emoções e relações subjetivas, e isto começa por desenvolver-se no útero, com o batimento cardíaco da mãe, e aquilo nos dá estabilidade. Quando a mãe está tranquila o ritmo é mais lento e regular. Quando a mãe está nervosa é mais rápido e irregular”, explica o maestro e diretor artístico dos Concertos para Bebés.

“O primeiro sentido que desenvolvemos é o da audição”, garante Paulo Lameiro. “Estamos no quarto mês de concepção e recebemos informação do exterior através das sensações várias da nossa mãe. Percebemos o que é amor, ou a raiva, o medo”.

“O mundo é-nos revelado por sons. E por isso tudo aquilo que os envolve é tão especial. A música é somente uma das formas de trabalhar e de articular os sons entre si.”

2. Porque os bebés são especialistas em aprender

“Nós, enquanto bebés, somos especialistas em aprender. A díade das relações bebé-mãe, bebé-pai, bebé-família, bebé-bebé, é verdadeiramente reveladora do que é a humanidade. Quando nascemos, vimos de facto programados para viver e descobrir o mundo, como uma tela em branco. Portanto, estimular os bebés nesta fase é essencial”, sublinha o musicólogo.

“Preocupamo-nos com as competências cognitivas, mas esquecemo-nos das competências relacionais e, acima de tudo, daquilo que são as experiências que distinguem a humanidade de tudo o resto: a cultura e a arte. Ao iniciá-lo nesta experiência de viver a cultura regularmente, desde bebé, estamos a investir para que os nossos filhos sintam essa necessidade toda a vida.”

“Esse momento de descoberta, de fascínio, de prazer pelo mundo, acontece nos primeiros instantes de vida, nos primeiros dias ou semanas. É tão precioso esse primeiro tempo. Falarmos em meses é supor já uma enormidade de tempo para um bebé. Quando vamos para a escola, aos 6 anos, já sabemos mais de 60% daquilo que aprendemos ao longo de toda a vida.”

3. O bebé tem liberdade plena para explorar a vivência musical diante dele

(Fotografia: Joaquim Dâmaso)

“A liberdade dos bebés é total. Todos os músicos têm uma regra: os verdadeiros solistas são os bebés. Se um bebé se dirigir a um músico que está a tocar e agarrar o seu violino, o músico não pode fugir. Pelo contrário: para de tocar e deixa o bebé desfrutar daquele momento. Há sempre prioridade ao bebé”, reforça o encantador de crianças, antes de continuar: “Durante o espetáculo, o bebé gatinha, balbucia, toca, dança, o que quiser. Os pais têm uma participação ativa nos programas. Cantam. Há um repertório muito específico não verbal de padrões melódicos e rítmicos. As pessoas não precisam de saber se estão a cantar em binário, com métricas mistas, nada. Precisam apenas de cantar, para uma experiência imersiva.”

4. Porque a contemplação é fundamental para o desenvolvimento humano

“Nós desenvolvemos, de facto, muitas capacidades pela interação, mas há capacidades que só desenvolvemos pela contemplação”, destaca o maestro que já realizou mais de 1.300 concertos, para cerca de 100 mil bebés. “Na Musicalmente temos este desígnio, esta vontade, de os concertos oferecerem tempo para a contemplação. Contemplar o outro é algo que os bebés fazem extraordinariamente. E a relação de amor e de vínculo vem desse momento, e não apenas de os pais interagirem com ele.”

“Temos que ser capazes de ceder à tentação de achar que os nossos bebés e crianças só estão ativos e a aprender se estiverem em interação. Isto não é verdade. O ser humano precisa de contemplar. Assim, os concertos oferecem pelo som esta outra dimensão de relação com o próximo, com o tempo, e com o nosso interior”, elabora.

“Temos esta relação com o som e o movimento que vão marcar toda a nossa vida funcional, de relação com o outro, mas também a nossa vida emocional, de como nos exprimimos, exprimimos o mundo que conhecemos ou sonhamos que queremos conhecer.”

5. Porque eles já são publico e devem ser tratados como tal

Para Paulo Lameiro, iniciar hábitos de fruição cultural é, talvez, a maior responsabilidade que temos para com os nossos filhos. “Essa talvez seja a primeira a grande diferença do nosso projeto em relação a muitos outros programas para crianças. Não entendemos os Concertos para Bebés como algo que serve para iniciar à música ou para preparar para uma fruição mais intensa mais tarde. Isto é um erro colossal.

É uma programação para o público geral e que olha para o bebé como uma pessoa que está ali, aqui e agora, com um nível de atenção e capacidade de audição muito superior ao da mãe, por exemplo”, sublinha o também o pedagogo. Ao iniciá-los nesta experiência de viver a cultura regularmente, desde bebés, os pais estão a investir no futuro, para que os nossos filhos sintam essa necessidade toda a vida.

6. Porque vão partilhar um momento especial em família

(Fotografia: Guto Muniz)

Estar em palco durante 45 minutos é uma oportunidade única de fazer algo em conjunto com o bebé. “Como pais, estamos sempre a fazer coisas para eles. Há muito poucas oportunidades de fazer algo de igual para igual. Indo a um concerto, vão, de facto, fazer algo com e não para o vosso bebé”, diferencia Paulo Lameiro.

“O que os pais nos dizem é que a experiência que levam dos concertos é seguramente tão importante quanto aquela que o seu bebé leva. Até por isso, a partir de determinada altura, os bebés crescem mas os pais continuam a vir religiosamente aos concertos.”

Há ainda de se ter em conta a experiência de proximidade artística que os espetáculos promovem. “Artistas e público, estamos todos juntos. Vamos todos para o palco, não há separação. Depois, estamos também em arena. Isto é muito importante. Quer dizer que todo o público se vê entre si. Olho para o artista mas, num grande círculo, vejo tudo à minha volta também”, descreve o maestro.

7. A cada mês há um novo programa

A Musicalmente oferece uma temporada com programas novos todos os meses. Isso permite ao bebé experienciar e coligir novas experiências a cada concerto. “Cada programa é único”, lembra Paulo Lameiro. “Normalmente as companhias que fazem coisas para crianças têm um ou dois projetos por temporada. Nós, todos os meses, lançamos um programa novo. Há a possibilidade de uma família, em meses diferentes, ouvir música clássica, barroca, romântica, pop-rock, antiga, música world. Há programas mais dramatúrgicos, mais corpóreos, mais sonográficos”.

Segundo o diretor artístico dos Concertos para Bebés, é muito comum fidelizar o público após algumas apresentações. “Há famílias, que ao final de 5 anos, nos oferecem um álbum com fotografias do seu bebé ao nosso colo – desde o primeiro concerto, com um mês de vida, até ser aquela criança com 5 anos. É, de facto, uma experiência extraordinária e um privilégio para nós que fazemos isto”, reconhece, grato.

A agenda dos Concertos para Bebés

Os Concertos para Bebés têm programação regular em Leiria (Teatro Miguel Franco), em Coimbra (Convento de S. Francisco), em Sintra (Centro Cultural Olga Cadaval), em Loulé (Cineteatro Louletano) e na Marinha Grande (Teatro Stephans).

E porque o digital cresceu imenso na pandemia, existem também programas online na Loja, com guiões para fruir em casa em cumplicidade com o bebé.

Concertos para Bebés em Coimbra

Os Concertos para Bebés estão de regresso à cidade dos estudantes! Venham ouvir os “sons que contam história” no Convento São Francisco.

Concertos Bebés Loulé

Concertos para Bebés em Loulé

Os concertos para Bebés chegaram a Loulé e prometem duas coisas: muita música e doses enormes de fofura. Contamos convosco?

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