O julgamento, a culpa e a vergonha associados às mães e à amamentação são temas que precisam ser desmistificados de uma vez por todas.
Adivinhe quem decide por quanto tempo amamenta o seu bebé? A mãe. Adivinhe quem decide, aliás, se pretende, sequer, amamentar o seu bebé? A mãe, outra vez. É fácil, é barato e dá milhões.
O primeiro passo é nosso, mães: podemos todas apoiar-nos, tentar entender e não julgar as decisões que umas e outras fazemos com relação aos nossos bebés e aos nossos corpos?
É cansativo. A verdade é que as críticas chovem de todos os lados.
As críticas vêm das mães que não conseguem imaginar os seus filhos a consumir uma gota de algum alimento que não leite materno: são mães que têm a audácia de atirar abaixo uma mulher que alimenta o filho com leite de fórmula, e cuja história e luta não conhecem.
As críticas vêm também dos outros: aqueles que se enjoam e enojam com centímetros de pele à vista sempre que uma mãe amamenta um bebé – que horror, um mamilo! – e que se acham no direito de protestar contra algo natural. Ou das mães que descobrem que uma criança de dois anos ainda mama e sussurram a outras o quanto isso é estranho.
Não podemos negar a ciência: o leite materno importa, sim – salva vidas até, confere uma maior protecção aos bebés. Todas as mães deviam ter a oportunidade de amamentar, mas é aqui que entra o livre arbítrio, se elas assim o entenderem.
A amamentação importa por muitos motivos, mas também é irrelevante em muitas situações. Não estamos a desvalorizá-lo, obviamente. Estamos a reforçar que o mais importante é a visão geral da saúde e bem-estar da criança. O exercício é simples:
Mãe, o seu bebé está a ser bem alimentado? Leva-o à rua para apanhar ar e algum sol? Mima-o, enche-o de beijos tenha ele um mês ou três anos?
Mãe, amamente-os ou não, dá todos os dias o seu melhor, dentro das suas circunstâncias pessoais de vida, para assegurar-se de que os seus filhos são saudáveis e felizes?
Então, parabéns! É uma boa mãe e está a fazer tudo bem.
É preciso parar a imposição da vergonha quando uma mãe não amamenta. É preciso parar agora. Aliás, é preciso para ontem. São tantas as mães que, pelas ditaduras da sociedade, quando não conseguem amamentar ou param de o fazer cedo, se sentem mal a nível pessoal, culpadas, más mães. Aquilo de que estas mulheres menos precisam é da cereja no topo do bolo: o julgamento dos outros.
Nunca conhecemos a história de outra mãe a 100%, por isso não é justo assumirmos na nossa percepção os motivos por que ela amamenta ou não. E, por favor, se uma mãe simplesmente não quer amamentar, nunca diga uma palavra sobre isso. Não tem nada a ver com o assunto. De certeza que ela ponderou todos os factores, antes de tomar a decisão final, e se assim o decidiu, fê-lo por achar que é esse o melhor caminho para si e para o seu bebé. Por isso, não se meta. A razão, uma vez mais, não é do seu interesse.
O reverso também se aplica: ao ver uma mãe que amamenta com orgulho, não a desmotive. Amamentar é difícil, e as mães recebem críticas e conselhos, bem intencionados mas dolorosos, constantemente: de familiares, pediatras, outras mães, e até de estranhos.
Quando uma mulher amamenta, o peito não é exposto de forma sexual. Pura e simplesmente, não é. Se o peito tem essa conotação, por vezes? Claro que sim. Mas são as mulheres quem decide quando é que usam o seu peito com intenção sexual e quando é que o usam para alimentar os seus bebés. Ok? São as mulheres quem o decide, não nós. Não há nada de sexual numa mãe a amamentar o seu filho.
Esta é a nossa mensagem para todas as mães, principalmente as de primeira viagem: se quer amamentar, que bom! Se não quer amamentar, não faz mal! Se está a ter problemas com a amamentação mas não quer deixar de o fazer, peça ajuda! Se pensa que deixar de amamentar é a melhor solução para si e para o seu bebé, então não se prenda nos julgamentos alheios!
Sabemos como é fácil sermos atingidos pelos julgamentos e pelas críticas. Não deixe os outros ditar a sua vida. O corpo é seu, o bebé também, por isso a escolha e a responsabilidade cabem-lhe só a si.
Aquilo que faz o mundo girar é a empatia. Também entre mães. Principalmente entre mães. Mais amor, por favor.
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