Durante a gravidez e o aleitamento materno muitas são as histórias e ideias que nos tentam vender como certas e absolutamente inquestionáveis. Daqui nascem os mitos sobre amamentação.
A Pumpkin fez um levantamento dos mitos de amamentação mais frequentes, aos quais respondemos no artigo, justificando cada um deles através da ajuda de um especialista.
Mitos sobre Amamentação desvendados:
1. O bebé deve ser amamentado de 3 em 3 horas
“Não há intervalo para mamar. Isso é uma regra importada da regra do biberão. Os bebés que bebem leite de fórmula bebem a mesma quantidade todos os dias e a todas as mamadas.” Com o bebé que bebe leite materno não é bem assim, porque o leite se modifica de mamada para mamada, durante a mamada, ao longo do dia e ao longo dos meses.
Ou seja, como diz a consultora de lactação Graça Gonçalves, apenas o bebé que nasceu já “com a capacidade de saber o que precisa é que vai saber dizer-nos exatamente quando, a que horas e a quantidade” de leite que necessita.
2. Uma mulher com o peito pequeno não produz leite suficiente
A capacidade de amamentar não depende do tamanho do peito. A produção de leite tem origem nas glândulas mamárias, que quase sempre produzem leite em quantidade suficiente, independentemente se a mãe tem um peito pequeno ou grande.
Segundo a pediatra Graça Gonçalves, o leite tem a ver com a glândula mamária e o tamanho da mama tem a ver com a gordura que está à sua volta. Se tiver muita gordura é capaz de ter um peito maior, mas não quer dizer que seja melhor produtora de leite materno.
3. “O meu leite é fraco”
Ao contrário do que profetizam os mitos sobre amamentação, a neonatologista Ana Melo explica que:
“Não existe leite fraco. É verdade que, às vezes, os bebés podem não aumentar tanto de peso”, o que não é necessariamente mau, porque um dos maiores benefícios do aleitamento materno um do aleitamento materno é a prevenção da obesidade.”
Contudo, o leite da mãe tem todas as qualidades necessárias para nutrir. Este é mais do que um alimento, é uma nutrição. É ajudar aquela criança a desenvolver-se.
“É a primeira vacina natural, porque também transmite alguns fatores imunológicos que protegem estes bebés, sobretudo nos primeiros anos de vida, de algumas doenças, alergias, infeções e obesidade.”
4. O leite materno acaba
De acordo com a neonatologista, o leite não acaba.
“Se continuarmos a dar de mamar, ele vai continuar a produzir. Se o bebé continuar a mamar, nós continuamos a produzir enquanto eles fizerem essa estimulação.”
Ou seja:
Enquanto a mãe der de mamar, é como se tivesse uma “fábrica” inteira a funcionar dentro da mulher e não apenas um “ simples depósito” – à medida que o bebé vai estimulando o peito da mãe, esta vai produzindo leite para as necessidades do pequeno. Logo, o leite não acaba.
5. Quando o bebé fica muito tempo a mamar, faz lesões nos mamilos
A pega bem feita faz com que o ato de amamentar não magoe a mãe. Se a pega está muito superficial e faz fricção apenas no mamilo existem, segundo Graça Gonçalves, tem duas consequências graves: dar cabo dos mamilos da mãe;
Quando dói quer dizer que algo que não está a correr bem. Há então que procurar ajuda junto de entidades de apoio à amamentação, à linha SOS Amamentação ou até mesmo junto do seu médico, para que lhe deem dicas de como amamentar, as diferentes posições e como o bebé deve fazer a pega correta.
5. Se o bebé quer mamar muitas vezes é porque o leite da mulher não o satisfaz
O bebé pode ter que comer de duas em duas horas, “uma situação perfeitamente normal”, atesta a pediatra e consultora de lactação Graça Gonçalves.
No entanto, os bebés também choram por outros motivos. Não o fazem apenas quando têm fome. Sendo o choro a sua forma de comunicar connosco, as crianças choram para pedir atenção, quando têm sono, quando querem colo, quando querem comer, quando têm cocó e por muitos outros motivos.
Além disso, “quando eles pedem muita mama, muitas vezes é porque querem o conforto e o miminho da mãe”, esclarece.
Portanto, este mito não passa mesmo de um mito. O bebé pode querer leitinho, miminho ou só colinho e uma das formas de o conseguir é chegando à mama!
6. Quando a mãe está doente ou a tomar alguma medicação deve parar de amamentar
De acordo com a especialista em aleitamento materno, a maioria das doenças das mães e dos fármacos por elas utilizados não contraindicam a amamentação.
Avança ainda que existe um site – e-lactancia – no qual as mães podem ver se a doença ou o fármaco que estão a tomar é impeditivo para dar de mamar.
7. A amamentação deve durar, no máximo até aos dois anos
A amamentação deve durar enquanto for harmonioso para a mãe e para o bebé, e também para a família. É claro que à medida que os meses e anos vão passando, e à medida que se vão introduzindo novos alimentos, o bebé não irá pedir leite com tanta frequência.
A OMS defende que os bebés devam ser alimentados com leite materno até aos dois anos, sendo recomendado que a sua alimentação seja exclusivamente feita do leite da sua mãe até completar seis meses de vida. No entanto, há várias evidências sobre o valor do leite humano depois dos dois anos de vida da criança. Além de manter o vínculo mãe-filho, o leite contém quantidades importantes de vitaminas, sais minerais, nutrientes e proteínas, continuando a proteger e prevenir o foco de algumas doenças e infeções.
Segundo dados divulgados pela Unicef, no segundo ano de vida da criança 500 ml de leite materno saciam 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia que a criança precisa no seu dia a dia.
Nunca se esqueça: nem tudo o que ouve é verdade, e idade nem sempre é sinónimo de “conhecimento certo e inquestionável”! Consulte um especialista se estiver com dúvidas!
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