Amamentação e asma: o leite materno previne doenças respiratórias

Amamentação e asma: o leite materno pode prevenir a asma e outras doenças respiratórias

amamentação e asma

De acordo com um estudo, a amamentação e a asma estão ligadas entre si

O leite materno proveniente da amamentação protege os recém-nascidos de doenças pulmonares e favorece o correto desenvolvimento do aparelho respiratório: esta é uma das principais conclusões de um estudo multidisciplinar e pioneiro no seu campo, liderado por Meghan Azad, professora adjunta de Pediatria e Saúde Infantil da Universidade de Manitoba (Canadá).

O estudo demonstrou que os bebés alimentados exclusivamente com leite materno têm até cerca de 33% menos casos de respiração ofegante ou pieiras durante o primeiro ano de vida.

No caso das crianças com mães asmáticas, o trabalho de prevenção do leite materno é ainda mais eficaz: as pieiras reduzem até cerca de 62% nos bebés que tenham sido alimentados exclusivamente com leite materno durante os primeiros seis meses, sendo as pieiras um importante fator de risco no desenvolvimento de doenças respiratórias incuráveis como a asma.

Amamentação e asma

O aleitamento exclusivo até aos 6 meses aumenta a proteção

As pieiras são uma das principais causas de hospitalização durante a infância. Trata-se de episódios nos quais os bebés têm dificuldades para respirar durante pelo menos 15 minutos, produzindo um silvo no peito a cada inspiração. Segundo as conclusões do estudo da professora Azad, na qual participaram crianças entre os 0 e os 5 anos e especialistas de 20 disciplinas diferentes, entre 20% a 50% dos recém-nascidos experimentam pelo menos um episódio de respiração ofegante até fazerem um ano.

Os bebés cujas mães têm asma são aqueles que mais beneficiam das propriedades da alimentação exclusiva com leite materno quanto à prevenção de doenças respiratórias. Os episódios de respiração ofegante reduzem a uma média de 1.40 a 0.33 por bebé e por ano. Este fator tem maior importância face ao componente genético desta doença.

Pelo contrário, os dados do estudo revelam que os bebés que abandonam o aleitamento previamente ou a combinam com outro tipo de alimentação, como o leite de fórmula, experimentam o dobro de episódios de pieiras e maiores dificuldades respiratórias. Até ao primeiro ano, manter o aleitamento à medida que se faz a introdução dos alimentos sólidos na dieta dos mais pequenos continua a favorecer o desenvolvimento dos seus pulmões.

Estas evidências científicas demonstram a importância da consciencialização sobre o papel do leite materno como ferramenta de prevenção contra as doenças respiratórias crónicas e incuráveis, como a asma que, segundo a Sociedade Portuguesa de Pneumonologia (SPP), tendo por base o Observatório Nacional de Doenças Respiratórias da Direção-Geral da Saúde, afeta cerca de 1,1 milhão de crianças e adultos em Portugal. O leite materno reduz o risco de infeções respiratórias, promove o adequado desenvolvimento dos pulmões e favorece a maturação do sistema imunitário.

Contar com programas que apoiem o aleitamento materno teria um importante impacto na saúde das crianças e adultos, traduzindo-se num menor gasto económico em tratamentos médicos contra a asma e outras doenças respiratórias. A relação existente entre a prevenção de doenças respiratórias e o leite materno reforça, portanto, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de manter o aleitamento exclusivo durante os primeiros seis meses, se bem que no caso dos bebés cujas mães têm asma, tendo em conta o benefício que lhes proporciona a alimentação exclusiva com leite materno, seria aconselhável prolongar o aleitamento o máximo possível.

O género e outros fatores de risco

Uma das descobertas mais inesperadas foi a identificação do género como um fator de risco no desenvolvimento de doenças respiratórias. Os meninos têm uma maior predisposição para sofrer de pieiras e estima-se que podem necessitar de quase o dobro de atenção médica do que as raparigas.

Mesmo que ainda não se tenha demonstrado a origem desta diferença, algumas hipóteses defendem que pode ser provocada pelas hormonas femininas presentes no leite materno. Dado que o homem e a mulher respondem de forma diferente perante as hormonas sexuais, os efeitos do aleitamento também podem ser diferentes. Estes resultados demonstram a necessidade de continuar a investigar os benefícios do leite materno sob uma maior segmentação.

Por outro lado, existem fatores sociais e ambientais que podem supor um maior risco para os bebés. Diversas características maternas estão associadas a um menor nível de proteção face às dificuldades respiratórias, como a idade, a etnia ou os hábitos pouco saudáveis, como o tabaco. As mães de 35 anos, por exemplo, demonstram uma maior continuidade na amamentação, quando comparadas com as mães com menos de 25 anos, que não chegam aos 12 meses. O mesmo ocorre com as mães fumadoras, que abandonam o aleitamento antes.

O estudo foi apresentado no XIII Simpósio Internacional de Aleitamento Materno promovido pela Medela, realizado em Paris (França) nos dias 22 e 23 de março de 2018.

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